Título: O cliente compra, mas nem sempre usa
Autor: Ricardo Cesar
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2005, Empresas &, p. B3

Embora as vendas de Linux no varejo estejam em alta, há uma ressalva importante a ser feita: o cliente paga e leva, mas nem sempre usa. Segundo Denis Gaia, analista da consultoria IDC, a retenção do sistema operacional de código aberto nos computadores adquiridos no varejo é baixa. Freqüentemente, o usuário escolhe a máquina com Linux por ser mais barata, porém rapidamente instala no novo PC uma cópia do Windows - quase sempre ilegal. "Quando o computador chega em casa, o consumidor já está com um CD pirata do Windows esperando por ele", diz Gaia. "Apenas uma minoria opta por manter o software livre." Diversos fatores explicam esse comportamento. Além de as pessoas já estarem acostumadas a utilizar o sistema da Microsoft, o Windows tem recursos mais sofisticados do que a maioria das versões de Linux disponíveis. Além disso, por vezes o software livre apresenta problemas de compatibilidade com periféricos, como impressoras, ou com outros softwares, o que causa aborrecimentos ao consumidor. Esses problemas não afetam o Windows, que há anos é o padrão de mercado. Esses fatores fazem com que a subsidiária nacional da Lenovo, fabricante chinesa que adquiriu a divisão de PCs da IBM, tenha receio em lançar produtos com Linux. A companhia estuda a configuração da máquina com que fará sua estréia no varejo brasileiro, em 2006. "Avaliamos com cuidado a responsabilidade de colocar equipamentos com software livre para usuários que estão comprando pela primeira vez um PC. Sabemos que podem aparecer dificuldades no dia-a-dia", diz Flávio Haddad, presidente da Lenovo no Brasil. (RC)