Título: Aftosa gera dura crítica dos russos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2005, Agronegócios, p. B10
Em meio a negociações consideradas "positivas" pelo ministro Roberto Rodrigues, o governo da Rússia divulgou ontem (dia 22) um duro comunicado contra o Brasil por causa da febre aftosa. Assinado pelo vice-diretor do Serviço Federal de Supervisão Veterinária da Rússia, Evgueny Nepoklonov, o texto diz que o país tem sido "incapaz" de lidar com a aftosa e acusa o Ministério da Agricultura de ter sido lento nos casos de Mato Grosso do Sul e Paraná. Os russos ameaçam manter o embargo às carnes bovina, suína e de aves produzidas nos dois Estados até o fim de 2006. "Uma coisa é clara. O serviço veterinário brasileiro não consegue garantir a segurança contra a aftosa e não pode detectá-la de forma rápida", acusou Nepoklonov. "Vamos observar os Estados de Mato do Sul e Paraná por pelo menos um ano e os Estados vizinhos por, no mínimo, seis meses", afirma ele. Nepoklonov diz que se o Brasil não for capaz de "recuperar a confiança" russa neste período, o embargo pode ser estendido por tempo indeterminado. Restrito inicialmente a Mato Grosso do Sul desde 11 de outubro, o embargo russo foi ampliado em 9 de dezembro para todas as carnes produzidas no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo e Goiás. Surpreso, o ministro Roberto Rodrigues disse que "falta informação" à Rússia. "Do ponto de vista de identificação e controle da doença o que o Brasil tem feito é exemplar". Segundo ele, teria havido incompetência se o Brasil não tivesse controlado ou fosse incapaz de lidar com o fato. Rodrigues lembrou que, ao contrário da Rússia, a União Européia deu um voto de confiança às ações desenvolvidas pelo ministério ao manter seu embargo restrito a São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. O ministro lembrou que o comunicado foi publicado após longa reunião entre Nepoklonov e o diretor de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária, Jorge Caetano, realizada na quarta-feira, em Moscou. "Tínhamos notícias de que as conversas tinham sido bastante positivas". (MZ)