Título: Demanda por crédito para investimentos segue fraca
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2005, Agronegócios, p. B10

Principal termômetro para avaliar a expansão futura da agropecuária, a demanda por crédito para investimentos segue em forte queda nesta safra (2005/06). Atolados por dívidas deixadas pela safra anterior, os produtores resistem a ampliar seus aportes. O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, informou ontem (dia 22) que os desembolsos dos programas de investimento do governo recuaram 41% entre julho e novembro deste ano. Nestes cinco primeiros meses do ano-safra 2005/06, foram liberados R$ 2,3 bilhões. No mesmo período da safra passada, foram R$ 3,9 bilhões. O desempenho é resultado da queda na procura pelos recursos do Moderfrota (para compra de máquinas e colheitadeiras) e do Moderagro (correção de solos e recuperação de pastagens). "Com a queda da renda, os produtores deixaram de comprar", disse. Por outro lado, a capacidade de armazenagem nas fazendas cresceu 50% desde 2003, para 12 milhões de toneladas. "Mantida essa linha, em dez anos o Brasil terá 25% de capacidade de armazenagem nas fazendas", disse. Influenciados pelos efeitos negativos das recentes rolagens de débitos rurais, até mesmo os recursos de custeio sentiram os efeitos e caíram 13% sobre a safra passada. Wedekin disse que foram liberados R$ 17,2 bilhões em crédito para custeio e comercialização da safra 2005/06 entre julho e novembro. É um tombo de 13% na comparação com os R$ 19,8 bilhões dos cinco primeiros meses da temporada 2004/05. Wedekin atribuiu a queda à prorrogação das dívidas de custeio do ciclo 2004/05. De acordo com ele, entretanto, há esperanças de melhora no cenário. "Em novembro passado, por exemplo, liberamos R$ 4,9 bilhões, o que dá boas perspectivas para a safrinha de milho e o plantio de cereais de inverno", afirmou. Também foi anunciado ontem que o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) autorizou a extensão por mais seis meses da linha de crédito de R$ 3 bilhões para renegociação de dívidas com fornecedores. Até agora, foram gastos apenas R$ 527 milhões nessa linha. Wedekin disse que o Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) autorizou R$ 200 milhões à linha de compra de defensivos contra a ferrugem asiática da soja. (MZ)