Título: Emprego industrial cai 0,6% em novembro
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2006, Brasil, p. A3
O emprego industrial refletiu o desempenho fraco da produção e cedeu 0,6% em novembro de 2005 na comparação com outubro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O rendimento também foi afetado e, pelo terceiro mês consecutivo, a folha de pagamento da indústria brasileira encolheu. Dessa vez, caiu 0,8%, mas, de agosto até novembro, acumula perdas de 3,7%. Entretanto, para o coordenador de pesquisas industriais do IBGE, André Macedo, embora haja queda na passagem de outubro para novembro, é preciso olhar para o indicador de média móvel trimestral, que dá uma noção melhor da tendência do emprego. No trimestre encerrado em novembro, esse indicador teve leve queda de 0,1%. No terminado em outubro, havia subido 0,1%. "É uma sinalização mais de estabilidade do que de redução", explica o economista. Ainda assim, Macedo ressalta que os resultados não são animadores. A queda da folha de pagamento real pode ser explicada, segundo Macedo pelo menor ritmo de contratação e pela inflação mais elevada nesse período. Isso porque nos meses de setembro, outubro e novembro o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como deflator, ficou em níveis elevados. Na análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os resultados de novembro são reflexos de uma política monetária rígida e não é surpresa que já se vejam as conseqüências em termos de adiamento da implementação de investimentos produtivos, em redução da utilização da capacidade industrial e, agora, em redução das contratações. Porém, o Iedi não acredita que a redução de emprego nos setor avance ainda mais. Um indicador que pode, contudo, servir de alento para o mercado de trabalho industrial é o crescimento de 1,3% no número de horas pagas. Segundo o IBGE, esse movimento positivo é confirmado pelo indicador de média móvel, que subiu 0,4%. O resultado é importante, pois funciona como um indicador antecedente, sinalizando que as empresas estão precisando trabalhar mais e até pagando horas-extras. "Em um segundo momento, caso a demanda siga firme, a tendência é de novas contratações," diz. No ano, entretanto, os indicadores ainda permanecem positivos. Até novembro, o nível de emprego industrial ficou 1,2% maior. O número de horas pagas subiu 0,9%, enquanto a folha real de pagamento acumula uma alta de 3,7% de janeiro a novembro.