Título: Para IFC, emergentes terão bom 2006
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Fonte: Valor Econômico, 18/01/2006, Internacional, p. A9

Expansão Órgão do Bird prevê expansão superior a 5,5% e capitalização bursátil de US$ 5 trilhões nestes países Os mercados emergentes se dirigem para outro forte ano em 2006, mas suas economias ainda devem enfrentar taxas de crescimento irregulares e muita pobreza, aponta a Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), braço do Banco Mundial para o desenvolvimento do setor privado. Segundo a instituição, a capitalização bursátil dos mercados emergentes deve superar US$ 5 trilhões pela primeira vez. O IFC prevê que a expansão nas economias emergentes de rápido crescimento irá provavelmente superar 5,5% neste ano e no próximo - mais que o dobro da taxa das nações mais ricas. "Os mercados emergentes como grupo provaram a sua capacidade de sustentar altas taxas de crescimento e atrair capitais", disse Lars Thunell, novo vice-presidente-executivo do IFC. "O dinamismo é enorme. Porém, o crescimento não é uniforme e há uma agenda inacabada muito grande." O IFC acredita que os investidores institucionais provavelmente ampliarão pela primeira vez a capitalização dos mercados de ações de emergentes neste ano para mais de US$ 5 trilhões, mais do que dobrando o valor de US$ 2 trilhões de 1995. A entidade também observa que os fluxos de capital para emergentes - investimento direto estrangeiro, fluxos de capital acionário e empréstimos bancários comerciais - aproximam-se do pico histórico observado há uma década. Thunell observou que o fluxo de capitais privados para os países em desenvolvimento já soma cerca de US$ 350 bilhões, mais de quatro vezes o volume de ajuda internacional enviada a esses países. Thunell afirmou que, apesar do boom nos mercados emergentes, será preciso recorrer muito mais ao emprego de soluções de mercado para reduzir a pobreza, responder às necessidades sociais e proteger o meio ambiente em países como China, Índia, Coréia do Sul, Brasil, Malásia e do Leste Europeu e de partes da África. "Precisamos reforçar a estabilidade dos mercados e fluxos de capitais existentes no mundo em desenvolvimento através da consolidação das instituições financeiras em cada país e do aperfeiçoamento dos mercados cambiais locais", disse Thunell. "Temos de melhorar a governança corporativa, para que uma proporção cada vez maior das novas empresas que geram empregos possa captar recursos na economia global." Thunell afirmou que aprofundar e ampliar o crescimento econômico nas economias em desenvolvimento beneficiaria os cidadãos mais pobres, especialmente em países onde as barreiras ao investimento mantêm muitos na economia informal. Segundo pesquisas em andamento sob o patrocínio do IFC e do Banco Mundial, a burocracia e a morosidade processual são importantes inibidores da geração de empregos e do crescimento econômico nos setores formais de muitos países em desenvolvimento. No Brasil, na Indonésia e em Moçambique, por exemplo, o cadastramento e abertura de uma empresa podem levar mais de 150 dias - mais de 10 vezes o tempo necessário nos países avançados. O IFC calcula que os investimentos estrangeiros diretos em países emergentes devem permanecer em US$ 146 bilhões neste ano, seguindo dois anos de forte crescimento. Segundo o IFC, pesquisas mostram que os investimentos "sul-a-sul" - de uma empresa num país em desenvolvimento para outro - cresceram cinco vezes mais rápido que os de economias avançadas para emergentes. Estimativas preliminares indicam que o fluxo de investimentos "sul-a-sul" alcançou US$ 46 bilhões em 2003, ante US$ 15 bilhões em 1995.