Título: Setor de injetoras pedirá salvaguardas
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2006, Empresas &, p. B1

Para barrar o avanço dos equipamentos chineses, os fabricantes nacionais de máquinas injetoras de plástico e de macacos hidráulicos (usados para movimentação de carga) planejam entrar com um pedido de salvaguardas na Câmara de Comércio Exterior (Camex), com o apoio da Abimaq, associação que reúne os fabricantes do setor. A solicitação deve ser feita em até dois meses, assim que a entidade reunir os documentos necessários. Apesar de ser a primeira vez que o setor de máquinas e equipamentos pede salvaguardas, o problema não é novo: em 2004, o número de injetoras de plástico importadas da China foi de 279 unidades, equivalente a US$ 3,9 milhões. No ano passado, este patamar subiu para 525, com valor total de US$ 10,8 milhões. Para os fabricantes, a medida é a única saída para restringir a entrada das máquinas chinesas no país, com preços em torno de R$ 30 mil, enquanto uma injetora produzida no Brasil custa em média de R$ 50 mil a R$ 100 mil. Segundo Newton Mello, presidente da Abimaq, o valor sequer cobre os custos de produção de uma injetora no país. O preço reduzido das injetoras chinesas, que já ocupam 35% do mercado brasileiro, tem atraído especialmente empresas de pequeno e médio porte, que têm menos acesso a financiamentos do BNDES, de acordo com Guido Pelizzari, diretor geral da Sandretto, uma das maiores fabricantes nacionais de injetoras. Estima-se que existem 260 fabricantes de injetoras de plástico na China, que disputam o mercado local de 40 mil máquinas por ano, gigantesco quando comparado ao mercado brasileiro, de 1,9 mil máquinas injetoras por ano. "A concorrência é tão acirrada entre eles na China que vão buscar outros mercados", diz Pelizzari. Fabricantes de Taiwan, Hong Kong e Coréia também têm avançado no Brasil, mas grande parte deles faz seus componentes na China ou os importa daquele país. Na tentativa de combater os produtos chineses, a Sandretto, com fábrica em Arujá (SP), teve que reduzir seus preços em 8% no ano passado. "É impossível diminuir mais porque tivemos vários aumentos nos custos de aços especiais e do ferro", afirma Pelizzari. Segundo ele, a empresa perdeu uma fatia de 10% de mercado no ano passado e reduziu sua produção de 220 máquinas ao ano em 15%. Operando em apenas um turno de produção, a fábrica da companhia tem capacidade para produzir 400 máquinas ao ano. Em 2004, a Sandretto fez um investimento de R$ 7 milhões na unidade, mas não está ocupando todo o incremente de produção. Algumas demissões foram feitas, mas a fabricante está fazendo esforços para não perder mais funcionários. Após enfrentar um ano de estagnação em 2005, sua concorrente Himaco, de Novo Hamburgo (RS), está fazendo investimento de R$ 4 milhões para aumentar a produtividade de sua fábrica e reduzir seu preço final. Hoje, ela fabrica 300 máquinas com 200 funcionários, mas seu objetivo é fazer 420 máquinas com apenas 20 funcionários a mais. Com isso, o custo de produção vai cair até 10%, de acordo com o gerente comercial Cristian Heinen. O que pode restringir essa otimização, segundo ele, é a alta nos preços da matéria-prima. Mesmo assim, a Himaco está otimista de que seus maiores clientes se manterão fiéis aos produtos nacionais, que oferecem assistência técnica e peças para reposição.