Título: Lentidão afeta operação em Manaus
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 18/01/2006, Empresas &, p. B3

A dificuldade em desembaraçar componentes importados usados nos celulares tem atrasado "em semanas" a produção da BenQ Mobile em Manaus (AM), problema que pode afetar a disposição do grupo em fazer investimentos no local. "Não quero dizer que é uma limitação maior, mas é algo que nos preocupa. Estamos perdendo volume por causa disso", afirmou o presidente da empresa, Clemens Joos. Mais cedo, numa conversa com jornalistas latino-americanos, Joos afirmou que essa questão poderia ser um obstáculo para uma futura expansão da antiga unidade de celulares da Siemens em Manaus, porém ressalvou que o objetivo é fortalecê-la quando a empresa atingir o limite de sua capacidade instalada. Ele disse que a fábrica na Zona Franca é competitiva, mas há outros estados - como Sao Paulo - oferecendo benefícios semelhantes, e que a companhia está atenta a isso, embora não exista, por enquanto, intenção de transferir a produção. De acordo com Joos, o problema é a lentidão da alfândega em liberar os itens importados. O presidente da Nokia, Fernando Terni, já apontou diversas vezes essa questão como um entrave à competitividade dos telefones móveis feitos em Manaus. Para agravar a situação, quando Joos visitou a fábrica, no final do ano passado, fiscais da Receita Federal estavam em greve, o que tornava o processo ainda mais lento. O presidente da BenQ disse que conversou com o governador amazonense, Eduardo Braga (PPS), e que está confiante em uma solução. Sem revelar números, Joos reafirmou que as operações brasileiras de telefonia móvel da Siemens dão resultado positivo - diferentemente do que acontece no restante do mundo. Entretanto, ressaltou que é necessário "monitorar de perto" a unidade local, pois há uma série de ganhos de eficiência a obter. De acordo com ele, a América Latina é um dos mercados de maior crescimento para a BenQ, junto com o Leste Europeu, e por isso a fábrica amazonense é estratégica. A partir dela e da unidade do grupo no México, a empresa pretende reforçar exportações para o restante da região. O mercado latino-americano tambem poderá ajudar a BenQ a fabricar celulares com a tecnologia CDMA. Atualmente, a empresa só produz no padrão GSM. O CDMA é utilizado pela Vivo no Brasil e por diversas operadoras nos Estados Unidos, onde a tecnologia foi desenvolvida. A BenQ faz planos para outras áreas do mercado brasileiro. O grupo de Taiwan já tem uma parceria com a Elgin, que distribui outros produtos de sua linha - DVDs e tocadores de MP3 - e planeja fabricar notebooks no país. Em entrevista ao Valor no ano passado, o diretor da companhia no país Orlando Sodré afirmou que a empresa deveria fechar o ano com receita local de R$ 100 milhões. (TM)