Título: Rice é hoje a estrela do governo dos EUA
Autor: Associated Press
Fonte: Valor Econômico, 26/12/2005, Internacional, p. A7

Em Ascensão Secretária de Estado desconversa quanto a uma possível candidatura à Presidência em 2008

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, é a personalidade mais popular do governo dos EUA e ganha força como possível candidata a suceder George W. Bush, na Casa Branca. Essa ascensão acontece num momento em que os americanos estão perdendo a confiança no presidente e a paciência com a guerra no Iraque, que Rice ajudou a deflagrar. Prestes a entrar no seu segundo ano como principal diplomata do país, Rice perdeu muita de sua imagem de "princesa guerreira" de Bush. O apelido teria-lhe sido dado por assistentes quando ela era assessora de segurança nacional da Casa Branca e membro influente do gabinete de guerra de Bush. Rice apoiou com determinação a guerra ao terrorismo pós-11 de setembro e os amplos poderes executivos conferidos a Bush. Ela tem estado mais otimista que o presidente quanto aos progressos no Iraque e ao futuro do país. Ainda assim, Rice quase não é identificada como arquiteta dessas duas colunas da Presidência de Bush. Graças a uma mistura de charme, sorte e distância da Casa Branca, Rice conseguiu escapar ao destino de Bush e do vice-presidente, Dick Cheney, que viram seus índices de aprovação despencar. Kurt Campell, diretor do Programa de Segurança Internacional do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, destaca a pesada agenda de viagens de Rice, uma atitude na diplomacia mais pragmática que a de outros conselheiros de Bush, e uma boa medida da sua determinação pessoal. "Ela parece que se descolou" da controvérsia em torno dos fracassos da inteligência dos EUA, das táticas agressivas de caça aos terroristas e da percepção de que os EUA patinam no Iraque, diz. "Ela parece ao mesmo tempo próxima do presidente mas separada de algumas fraquezas do governo, e isso é algo difícil de conseguir." Rice foi uma voz pública importante a favor da guerra no Iraque, mas os americanos aparentemente não a julgam pessoalmente responsável. Pesquisa do Pew Research de outubro revelou que 60% dos entrevistados tinham uma visão muito favorável ou favorável de Rice, enquanto só 25% tinham uma visão muito desfavorável ou desfavorável, números de dar inveja em outros membros do governo Bush. Apenas 42% acreditam hoje que a decisão de invadir o Iraque foi correta, e o apoio à permanência no país também está em queda. Em relação a Bush, 42% dizem na pesquisa AP-Ipsos deste mês que aprovam o seu desempenho, contra 57% que desaprovam. É uma melhora em relação aos 37% de aprovação de novembro, mas ainda assim muito abaixo do pico atingido após o 11 de setembro. Rice ainda está longe de convencer o cético mundo exterior de que os EUA não embarcaram numa canoa furada no Iraque. E ela sempre será a face externa de um governo em que muitos na Europa e no mundo árabe não confiam, diz Nathan Brown, do Carnegie Endow-ment for International Peace. Rice exerce um certo glamour e curiosidade por ser a primeira mulher negra a chefiar a diplomacia americana. Aos 51 anos, ela cresceu no Sul segregacionista e costuma dizer que a discriminação que ela enfrentou é uma prova de que os EUA não são perfeitos. Ela é extremamente leal a Bush e busca minimizar o sua ascensão e a queda do chefe. Apesar de ser citada como possível candidata republicana è Presidência em 2008, ela diz que nunca almejou disputar um cargo eletivo. "Tenho muito o que fazer e acho que sei quais são as minhas aptidões", disse este mês em entrevista à Associated Press.