Título: Notas promissórias também mostram crescimento
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 26/12/2005, Finanças, p. C2
Em período de recorde de emissões no mercado de capitais brasileiro, até as esquecidas notas promissórias (também conhecidas como "commercial papers") voltaram a atrair a atenção das empresas. As notas devem movimentar R$ 3,5 bilhões este ano, o maior volume desde 2002. Somente nas últimas semanas, duas emissões entraram em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Uma delas é a da Coteminas, empresa do vice-presidente da república, José de Alencar, que planeja captar R$ 570 milhões. Sexta-feira, o conselho de administração da empresa autorizou a operação, a ser feita com a emissão de nota promissórias de 180 dias, que pagarão 103% do Certificado de Depósito Bancário (CDI). A outra também é de uma empresa mineira, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que vai emitir R$ 900 milhões. Para os analistas ouvidos pelo Valor, as notas promissórias, que são papéis de curto prazo, ficaram esquecidas porque as empresas conseguem hoje melhores condições (de prazos e taxas) com a emissão de debêntures. As operações de agora, segundo um desses analistas, são para usos emergenciais das empresas. No caso da Cemig, a necessidade seria para a aquisição da Light. A Cemig está em um dos grupos interessados em adquirir a Light, que pertence a Electricité de France (EDF). "Emissões de notas promissórias são operações mais rápidas, para usos pontuais", diz a fonte. No passado, as emissões de notas superavam as de debêntures. Em 1998, foram R$ 12,9 bilhões em "commercial papers" e R$ 9,7 bilhões em debêntures. O mesmo aconteceu em 1999. Nos anos seguintes, porém, as emissões de notas promissórias foram caindo até chegarem a apenas R$ 2,1 bilhões em 2003. Para estimular as notas promissórias, a CVM estuda mudar a regulamentação para esses papéis. Além disso, a autarquia está criando uma nota promissória desenhada especialmente para o setor agrícola.