Título: Ofertas no mercado de capitais crescem 140% e atingem R$ 70 bilhões
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 26/12/2005, Finanças, p. C2

Logo nos primeiros dias de fevereiro deste ano, quando as captações internas já chegavam à casa dos R$ 10 bilhões, os especialistas ouvidos pelo Valor projetavam um recorde nos valores movimentados pelo mercado de capitais em 2005. No entanto, os volumes das ofertas públicas de títulos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) surpreenderam até os mais otimistas. Antes mesmo de chegar ao fim do ano, os valores registrados superaram a casa dos R$ 70 bilhões, valor que é 110% superior ao registrado no melhor ano do histórico, que foi 2000, quando R$ 32 bilhões foram registrados. Em relação a 2004, quando as ofertas movimentaram R$ 29,23 bilhões, o volume aumentou 140%. Na conta dos R$ 70 bilhões deste ano não estão computadas as operações que já estão em análise e que, segundo estimativas da autarquia, devem movimentar R$ 8 bilhões. Esse valor já contabiliza projeções para as ofertas de ações, que às vésperas do fim de 2005 anunciam as boas novas do novo ano e indicam que o ritmo pode continuar em 2006. Apenas na semana passada, nada menos que cinco ofertas públicas de ações foram apresentadas à autarquia, sendo que apenas uma não é inicial (IPO, na sigla em inglês). Isso significa que ainda no primeiro trimestre de 2006 o mercado já deve se movimentar com novas operações. Estão na fila de espera seis operações primárias: BrasilAgro (empresa de agronegócio que não existia e já nasce na bolsa), Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a empresa de softwares Microsiga e as construtoras Company, Rossi e Gafisa. Outra que também vai captar é a Vivax, que optou por uma operação com certificados de depósitos de ações. Em 2005, as ofertas de ações também bateram recorde, movimentando R$ 14,12 bilhões - sem contar com a operação do Papel Índice Brasil Bovespa (PIBB), na qual foram captados R$ 2,3 bilhões, o que elevaria a conta para R$ 16,4 bilhões. Também estão ainda em análise várias operações de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC, ou de recebíveis), no valor de R$ 700 milhões. Este ano, com o ritmo acelerado das novas emissões, o estoque de CRI triplicou e o de FIDC, dobrou de tamanho. Com as emissões de R$ 2,1 bilhões em CRI, o estoque agora é de R$ 3,3 bilhões. Já os FIDC já chegam a um volume total de R$ 13,9 bilhões, contando as ofertas deste ano, que somaram mais de R$ 8,3 bilhões. Na opinião do superintendente de registro de valores mobiliários da CVM, Carlos Alberto Rebello, o segmento de securitização, que engloba as operações via CRI e FIDC, deve ser o mais promissor em 2006. "Com a taxa de juros em queda, esses instrumentos tendem a ter um crescimento cada vez maior", analisa ele. Segundo o executivo, as ofertas de ações tendem a continuar ocorrendo, mas possivelmente o volume financeiro não seja tão grande quanto o de 2005. "Acredito que o número de companhias vindo a mercado deva superar o do ano passado, mas os valores médios das operações tendem a ser um pouco menores", prevê Rebello. A previsão do mercado é a de que a nova leva de IPOs seja de empresas de menor porte.