Título: IGP-10 e IPC da Fipe sobem acima das previsões
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2006, Brasil, p. A3

Dois indicadores de inflação divulgados ontem subiram mais do que a expectativa do mercado. No entanto, os números ainda não preocupam. No varejo, as elevações foram influenciadas por aumentos de preços típicos do começo de ano, como mensalidades escolares e viagens. Já no atacado, os preços das commodities em alta no mercado internacional e a depreciação do real ante o dólar neste começo de ano ajudaram a inflação a subir. O Índice Geral de Preços (IGP-10), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), teve alta de 0,84%, bem acima do teto das previsões de analistas, que estavam em torno de 0,6%. Os preços no atacado (IPA), que correspondem a 60% do IGP subiram 1,03%, fortemente impactados pelo aumento de 2,32% nos preços de produtos agrícolas. As principais pressões vieram da soja, do arroz e da mandioca. Segundo analistas do Bradesco, as lavouras de exportação (soja e café), o milho e o trigo têm subido no mercado interno devido ao aumento de preço dessas commodities no cenário internacional e também da menor valorização do real ante o dólar. Os preços industriais sofreram elevação de 0,63%. "É um número menor do que a alta agrícola, mas não deixa de ser um nível pouco confortável", afirma Otávio Aidar, da Rosenberg & Associados. As maiores contribuições para esse movimento vieram ainda do aumento de combustíveis e lubrificantes (1,85%), de metais não-ferrosos (5,78%) e de produtos alimentícios (1,29%). A recente alta do petróleo no mercado internacional explica os maiores preços dos combustíveis. Os alimentos industrializados, por sua vez, refletem o movimento observado na parte agrícola. Para Aidar, a elevação dos preços de alimentos deve refletir, até o fim do mês, em produtos mais caros para o consumidor final. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou ontem que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na capital paulista subiu 0,59% na segunda quadrissemana do mês. O maior impacto veio das despesas pessoais, com alta de 1,44%, influenciadas pelos preços mais elevados nos pacotes de viagem. O aumento do álcool combustível contribuiu para alta de 1,03% nos transportes. A conta de luz também pressionou e subiu 1,18%. O aumento nos preços desse três itens fez a Fipe elevar de 0,45% para 0,60% a previsão de inflação em janeiro, uma vez que quase metade da inflação de 0,59% (0,25 ponto percentual) veio dos aumentos apurados no álcool, na energia elétrica e nas excursões. Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa do IPC-Fipe, explica que o aumento de energia elétrica ocorreu devido a uma alteração na forma de cálculo do imposto que incide sobre o valor da conta. No caso dos pacotes de viagens, ele avalia que a alta é sazonal, devido ao período de férias. O avanço do preço do álcool é ocasionado por um choque de oferta por causa da entressafra, período intermediário entre uma safra e outra do produto. O economista da Rosenberg também revisou sua projeção para 0,58%. Segundo ele, o item educação, que subiu 2,1% nessa quadrissemana, tende a ficar maior ao longo do mês. Em 2005, esse item subiu 5,44%. Outro ponto de pressão serão os alimentos, que já estão em alta no atacado.(Com Folhapress)