Título: Varig apresenta estrutura da nova gestão a credores
Autor: Janaina Vilella e Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2006, Empresas &, p. B3

Aviação

A Varig vai apresentar hoje aos credores da companhia a estrutura detalhada dos Fundos de Investimento em Participações (FIP), inclusive do chamado FIP-controle, no qual os credores poderão converter dívidas em cotas. O fundo, que passa a deter o controle da aérea, ainda não tem administrador nem gestor definido, mas o Valor apurou que a companhia fez contato com as gestoras Angra Partners e Dynamo, além da administradora Mellon. A Mellon é especialista em administração fiduciária de fundos, enquanto as outras duas instituições são focadas na gestão dos ativos que compõem as carteiras de fundos de participação. Não se sabe ainda se o convite da Varig será aceito. Os credores terão de aprovar a escolha feita pelos administradores da companhia. O desenho do FIP-Controle, que será conhecido hoje somente pelos credores, também será importante para eventuais investidores interessados em colocar dinheiro novo na estrutura, possibilidade que foi aberta pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, na última assembléia de credores, em dezembro. Segundo interlocutores ligados a potenciais interessados, como a TAP e o fundo americano Matlin Patterson, a maneira como será alocado o passivo de R$ 7 bilhões da companhia é essencial para saber se a injeção de capital no FIP-controle seria interessante. De acordo com uma fonte que acompanha o caso, é preciso ver o quanto dos créditos serão convertidos em cotas para saber se haverá espaço para aportar dinheiro novo e, ao mesmo tempo, garantir poder de gestão na companhia. "Se houver um volume grande de dívidas convertidas em cotas, o valor para ter uma participação percentual que abra espaço para ingerência na gestão pode ser mais alto e tornar o investimento pouco atrativo", explica a fonte. Ontem, o sócio da Stratus Investimentos e da Aero-LB Alberto Camões disse que há conversas em torno da participação da TAP na Varig, por meio da estrutura da Aero-LB, que é uma sociedade de propósito específico criada no Brasil pela estatal portuguesa, que adquiriu as subsidiárias da aérea. No entanto, Camões afirma que as conversas são preliminares. A TAP precisa respeitar a legislação brasileira, que impõe limite de 20% de participação de empresas estrangeiras em companhias de aviação, mas segundo Camões, a estrutura não necessariamente será a da Aero-LB. A TAP já havia sinalizado anteriormente que pretende adquirir parte da Varig. De acordo com a proposta divulgada em agências internacionais na última semana, a estatal portuguesa compraria a frota de 75 aeronaves da Varig das empresas de leasing e devolveria os aviões à companhia brasileira em troca de parte do capital da corporação. A TAP comprou inicialmente as subsidiárias VarigLog (transporte de cargas e logística) e VEM (manutenção), numa operação realizada para injetar recursos necessários para a Varig quitar dívidas com empresas de leasing nos EUA. Depois, houve um leilão das subsidiárias e a TAP ficou com a VEM e repassou a VarigLog para o Matlin Patterson. A Aero-LB também poderá usar parte dos recursos que receberá do fundo americano para pagar parte do financiamento de US$ 40 milhões que recebeu do BNDES ao comprar as subsidiárias. (Com agências de notícias)