Título: VCP conclui ajustes e quer voltar a crescer em 2006
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2006, Empresas &, p. B6

Celulose e Papel Lucro líquido da companhia caiu 31% no ano passado

A Votorantim Celulose e Papel (VCP) espera colher já em 2006 os resultados de um amplo processo de ajustes realizado ao longo do ano passado, que abrangeu todas as áreas da empresa. Nesse período, os resultados foram bastante afetados pela valorização do real perante o dólar. O objetivo da VCP é cortar até 5% das despesas anuais - custos de vendas, administrativas e gerais -, que alcançaram cerca de R$ 2 bilhões no ano passado, de acordo com o diretor de relações com o investidor Valdir Roque. "Foi um período de 'clean-up', em que pudemos reposicionar a empresa face os atuais patamares do câmbio", afirmou. A consolidação das operações também exigiu a demissão de funcionários em diversos níveis hierárquicos. O processo foi coordenado pelas empresas de gestão AT Kearney, Gradus e Monitor. A "lição de casa", aliada ao aumento da demanda e dos preços da celulose no mercado internacional, o reaquecimento no mercado interno e um discreto aumento da taxa de câmbio deverão contribuir para a melhora dos resultados deste ano. No quarto trimestre, o lucro líquido da VCP foi de R$ 80 milhões, uma queda de 56% em comparação com o mesmo período em 2004. A desvalorização do câmbio e os aumentos de custos de produção foram os responsáveis pelo desempenho menor. Também tiveram peso as provisões de R$ 55 milhões, referentes à assistência médica a aposentados e outras contingências. O volume de vendas entre outubro e dezembro caiu 2%, alcançando 403 mil toneladas. A receita operacional do período foi de R$ 720 milhões, 8% inferior em comparação ao quarto trimestre de 2004. No ano, o lucro líquido foi de R$ 549 milhões, 31% menor ante 2004. A geração de caixa pelo conceito lajida teve uma queda de 24%, atingindo R$ 959 milhões. "Se excluirmos o efeito do câmbio, os resultados operacionais seriam melhores que no ano anterior", afirmou Roque. A receita líquida da VCP e suas controladas ficou em R$ 3,417 bilhões, empatando com 2004. O volume de venda foi recorde, da ordem de 1,5 milhão de toneladas de produtos. O endividamento líquido fechou em R$ 1,84 bilhão, por conta da compra de 50% da Ripasa em 2004. O prazo médio de vencimento é de 6,2 anos. Ao longo desse ano a VCP pretende renegociar essa dívida, alongando seu perfil. A Ripasa teve em 2005 lucro de R$ 64,7 milhões, queda de 17% ante 2004, também devido ao aumento de custos e desvalorização do dólar. A receita líquida da empresa foi de R$ 1,34 bilhão, pouco abaixo do resultado obtido no ano anterior. O volume de vendas foi de 645,8 mil toneladas de papéis e pasta de celulose, um crescimento de 5%. O lajida da empresa em 2005 caiu para R$ 323,8 milhões, ante os R$ 360,2 milhões do exercício anterior. Com isso, a margem lajida caiu 2 pontos percentuais, para 24,1%.