Título: Belgo está pronta para crescer 60%
Autor: Ivo Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Empresas & Tecnologia, p. B-1

A Cia. Siderúrgica Belgo-Mineira, vice-líder no mercado brasileiro de aços longos, está pronta para uma nova fase de expansão de seu parque industrial no Brasil e Argentina. O plano, que prevê crescer 60% em tamanho, é ousado, mas está atrelado ao desempenho da economia brasileira e argentina. "Se a demanda por aço no Brasil for metade da chinesa, vamos ter de acelerar o investimento, mas se mantiver o ritmo de 5% a 6% ao ano, vamos ser mais cautelosos e fazer em etapas", disse Carlo Panunzi, presidente da companhia há pouco mais de dois anos. O projeto da empresa, sediada em Belo Horizonte, tem o seguinte desenho: duplicar as usinas de Monlevade e Juiz de Fora, ambas em Minas Gerais, e ampliar em 50% a unidade de Vitória (ES) - a menor de todas - e a controlada argentina Acindar, que é dona de metade do mercado local. O pacote de investimento é alto, mas Panunzi diz que não tem um valor fechado. Segundo ele, está inserido no montante anunciado recentemente pelo presidente mundial do grupo Arcelor, Guy Dollé, de US$ 1,5 bilhão. Esse valor, além da Belgo-Mineira, inclui gastos a serem aplicados na Acesita e Vega do Sul. Segundo Panunzi, foi encerrada este ano uma fase de 11 anos que marcou a consolidação da Belgo no Brasil como forte competidor no setor de aços longos e sua internacionalização. "Crescemos sete vezes nesse período, de 750 mil para 5 milhões de toneladas de aço bruto." Nessa trajetória, que envolveu a incorporação de usinas da antiga Dedini, em São Paulo, do grupo Mendes Júnior, em Juiz de Fora, e da antiga Cofavi, em Vitória, a empresa também mudou seu mix. De um produtor focado em fio-máquina, diversificou-se para vergalhões, perfis e vários produtos acabados. É o caso do fio-máquina para fabricação de cordoalhas usadas na indústria de pneus. "Somos um 'player' mundial, com 400 mil toneladas, e exportamos para o Nafta, Europa e Ásia", diz Panunzi. A Belgo, em parceria, também produz cordoalha ("steel cord") em duas fábricas em Minas. São 50 mil toneladas por ano e há planos para ampliar a capacidade. "Estamos investindo em toda a cadeia produtiva da companhia, que vai do plantio de eucalipto aos produtos laminados." O valor por ano previsto nos próximos três anos é de R$ 500 milhões só no Brasil. Segundo o executivo, nascido italiano e com longa vivência em Luxemburgo, sede da Arcelor, a Belgo será o braço de aços longos do grupo na América do Sul e Central. "Os investimentos nessas regiões serão tocados pela Belgo, mas nada impede, em casos especiais, estender a presença para além das Américas", afirma. Com produção consolidada de 4,6 milhões de toneladas este ano e projeção de 5 milhões em 2005, a Belgo, ressalta Panunzi, não pode é descuidar de outras áreas, como qualidade gerencial e aprimoramento dos recursos humanos. Na próxima semana, recebe o prêmio nacional de qualidade, conquistado pela unidade de Juiz de Fora. Em capacitação de funcionários, o investimento chega a R$ 4 milhões por ano. "Cada funcionário recebe 92 horas em média de treinamento e, hoje, nenhum deles tem instrução abaixo de segundo grau."