Título: Retomada da Transbrasil anima ex-funcionários
Autor: Daniel Rittner
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Empresas, p. B-3

Os trabalhadores do setor aéreo já começaram a ser sondados, embora bem discretamente, pelos antigos administradores da Transbrasil sobre a eventual retomada dos vôos da companhia aérea. A possibilidade de associação empresarial entre a OceanAir e o espólio da Transbrasil, com o objetivo de oferecer exclusivamente transporte aéreo de carga, é vista com cautela pelos profissionais da aviação civil, mas eles renovaram as esperanças de receber pelo menos parte da dívida acumulada com a paralisação da empresa, em 2001. Segundo fontes que acompanham de perto a movimentação da Transbrasil e da OceanAir nos gabinetes de Brasília, uma das principais promessas originárias do acordo entre as duas é o pagamento de parte do passivo trabalhista com a receita gerada pelas novas atividades de carga. Há sérias dúvidas, entretanto, de que os resultados financeiros destinados à Transbrasil possibilitem o abatimento de parte razoável da dívida. Fala-se nos bastidores que os antigos controladores da Transbrasil teriam menos de 10% de participação nessa associação - ou seja, o retorno seria insuficiente para trazer alívio à situação dos credores. A maior parte da receita estaria desvinculada do passivo. Articuladores da operação foram ontem à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) para reforçar os pedidos de aprovação do governo ao acordo. O principal arquiteto jurídico do negócio é o advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e antigo membro do conselho de administração da Transbrasil. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, considera positiva a eventual retomada da companhia, desde que respeitadas algumas condições: pagamento gradual das dívidas com os trabalhadores, prioridade para ex-funcionários da própria empresa na contratação de pessoal e acerto dos débitos com o fundo de pensão. Segundo ela, os antigos funcionários moveram uma ação de R$ 15 milhões, em valores de 2001. A companhia deixou de voar em dezembro daquele ano, mas desde agosto os trabalhadores já não recebiam - incluindo 13º salário e férias. Só 30% dos pilotos e 10% dos comissários de bordo foram recolocados em outras empresas. No caso do pessoal de terra, o índice é maior. José de Jesus Araújo, diretor do Sindicato Nacional dos Aeroviários, diz que esses trabalhadores foram absorvidos principalmente por Gol e Vasp. Ele vê positivamente os planos de volta da Transbrasil.