Título: Polícia Federal prevê 181 operações em 2006
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2005, Política, p. A4

A Polícia Federal pretende ampliar em 2006 as operações de combate à corrupção, de acordo com o secretário executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Segundo ele, 181 operações de combate à corrupção, ao crime organizado e ao narcotráfico estão previstas para 2006. Em 2005, a PF realizou 127 operações. "Vamos continuar atingindo a espinha dorsal do crime organizado para reverter esse quadro de violência e insegurança pública do nosso país. O número de policiais federais deve aumentar para 15 mil no ano que vem. Há 12.365 homens este ano e, em 2002, tínhamos 9.289", destacou Barreto. Segundo ele, em 2005 foram investidos na Polícia Federal cerca de R$ 660 milhões - quase o dobro do investimento feito em 2002: "Esperamos que, em 2006, o investimento chegue a R$ 700 milhões. Na avaliação do secretário, 2005 foi o ano de combate à pirataria. "Foram apreendidas neste ano US$ 87 milhões em mercadorias, ou seja, 130% a mais do valor apreendido no ano passado. Também foram presas cerca de 1.200 pessoas ligadas à pirataria", disse. O ministério pretende implantar em 2006 o Programa de Acompanhamento de Pessoas Politicamente Expostas, destinado a prevenir atos de corrupção ligados à política. Segundo Barreto, o programa tem a finalidade de acompanhar pessoas que ocupam altos cargos no governo e aqueles que trabalham em cargos estratégicos, como em comissões de licitações. "É uma espécie de vacina contra a corrupção. Muitas vezes, vemos em órgãos públicos casos históricos de compra superfaturada, de corrupção e de enriquecimento ilícito por parte do agente público, o que não pode acontecer", ressaltou Barreto. No início do trabalho, será feito um levantamento sobre essas pessoas, com dados do Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). "Qualquer movimentação bancária suspeita, de patamares mais altos, em nome de pessoas que têm cargos públicos e salários conhecidos, deve ser investigada. Às vezes, a oportunidade faz com que a pessoa tenha um desvio de conduta, seja por pressão de uma empresa que esteja fora do governo querendo entrar, seja por tentações naturais às quais as pessoas não podem sucumbir", disse Barreto. Segundo ele, a proposta pretende ampliar o controle social sobre as pessoas que trabalham com dinheiro público: "Elas devem ser fiscalizadas e monitoradas e devem responder por seus atos, sem a necessidade de se invocar sigilo a cada momento que uma dúvida surgir".