Título: Chavez quebra protocolo e critica os Estados Unidos
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Fonte: Valor Econômico, 20/01/2006, Brasil, p. A4

Hugo Chávez desembarcou no Brasil na manhã de ontem, com uma blusa vermelha sob um casaco da mesma cor e uma calça preta. Falou na Base Aérea de Brasília, por mais de 20 minutos, pediu um mapa e uma caneta emprestados para mostrar aos jornalistas de seu país como seria o gasoduto conjunto Venezuela, Brasil e Argentina. Chávez chegou à Granja do Torto e saiu quase quatro horas depois, ao término do almoço com o presidentes Lula e Kirchner. Não resistiu, parou o carro e falou por mais meia hora. Atrapalhou os planos da assessoria do Planalto, que pretendia que o chanceler Celso Amorim falasse à saída do encontro. Chávez mostrou, mais uma vez, porque incomoda os Estados Unidos. Por diversas vezes chamou os americanos de imperialistas. Não escondeu sua contrariedade com a intromissão dos Estados Unidos no processo de compra de 36 aviões da Embraer pelo governo venezuelano. Ele diz esperar que as conversas do ministro Celso Amorim com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, façam com que os Estados Unidos mudem de idéia. Chávez também não escondeu que tem um novo tutelado na América do Sul: o presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, que toma posse no próximo dia 22. Mais uma vez, disse que o governo americano tentou impedir a sua vitória. Segundo Chávez, essa é a estratégia dos EUA: empenhar-se para evitar a unidade sul-americana. O presidente venezuelano também reconheceu que a eleição de Evo abre o caminho para a nacionalização do gás boliviano. "O que é muito justo, já que a Bolívia é o país mais pobre do continente." (PTL)