Título: Aérea busca crédito para combustível
Autor: Janaina Vilella e Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2006, Empresas &, p. B2

A Varig continua negociando com a BR Distribuidora um novo contrato que permita à companhia aérea conquistar novo "crédito" para compra de querosene de aviação. Enquanto isso, vem pagando a vista pelo seu consumo de combustíveis, que é de aproximadamente R$ 3,5 milhões por dia. O contrato com validade de cinco anos que garantia crédito equivalente a dez dias de consumo, limitados a R$ 40 milhões, venceu no dia 31 de dezembro. Como garantia dos empréstimos a Varig entregava à subsidiária da Petrobras recebíveis de cartão de crédito - valores que tinha a receber na venda de bilhetes por essa modalidade de crédito. Sem acesso a esse "crédito rotativo", que era garantido pelo contrato, a companhia vem tentando retomar, informalmente, a linha de crédito para evitar recorrer diariamente ao caixa. Mas não teve sucesso até agora. A BR descontou, como era previsto, R$ 25 milhões em recebíveis de cartão de crédito no dia 14 de janeiro. Esse valor referia-se a saldo de parte do consumo de combustíveis no últimos dez dias de 2005, ainda sob a vigência do contrato. No início de janeiro, a BR tinha aproximadamente R$ 100 milhões em recebíveis da Varig. Executou garantias sobre R$ 13 milhões no início do mês e ainda reteve cerca de R$ 80 milhões que garantiam a dívida remanescente, de R$ 25 milhões, descontada no dia 14. Como o valor retido superava muito a dívida, a Varig pediu que esses recebíveis em mãos da BR fossem liberados para ajudar no pagamento das dívidas com empresas de leasing nos Estados Unidos. Essa negociação foi conduzida diretamente pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, com o presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim. A reunião ocorreu às vésperas da companhia aérea ter de honrar dívidas de US$ 56 milhões junto à corte de falências do distrito Sul de Nova York. Mesmo com a Varig tendo dívida em aberto - quitada no dia 14 - a BR liberou os papéis. A distribuidora ainda tem a receber R$ 56 milhões da Varig referentes a compras de combustíveis realizadas antes da recuperação judicial e relativas a 11 prestações de pagamentos atrasados. Agora essa dívida só poderá ser recomposta, ao menos em parte, por meio do plano de recuperação que prevê a conversão das dívidas em cotas do Fundo de Investimentos em Participações (FIP).