Título: Coadjuvante agora, mas titular em 2014
Autor: Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 15/05/2010, Política, p. 4

Vagas de vice e de suplentes viram motivo de cobiça porque podem credenciar para voos mais altos daqui a quatro anos

As articulações para as eleições de outubro estão mostrando que espaços considerados de coadjuvantes no Executivo e no Legislativo nunca estiveram tão em alta. Em vez da batalha pelas cabeças de chapa ou a vaga de senador nas grandes alianças, decididas pelas cúpulas partidárias, os cargos de vice-governador e suplentes para o Senado se tornaram alvo principal de legendas aliadas. Em Minas Gerais e São Paulo, a possibilidade de vitória dos titulares e de uma licença ou renúncia do cargo para ocupar ministérios ou tentar outra disputa antes dos oito anos de mandato enche os olhos de muita gente.

Não é por acaso que o posto de vice na campanha pela reeleição do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), está mobilizando vários partidos. Por ter assumido a vaga deixada pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB), o tucano não poderá disputar a continuidade do cargo em 2014, caso seja eleito, o que pode tornar o escolhido vice em um sucessor natural. Entra em cena aí o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), principal cotado para a vaga. Não deixam por menos o presidente do DEM no estado, deputado federal Carlos Melles, o deputado federal Marcos Montes (DEM) e, mais recentemente, o deputado estadual Zezé Perrela (PDT). Realmente os espaços da vice-governadoria e suplência passaram a ser muito nobres, mesmo porque Anastasia não poderá concorrer a reeleição e está na cara que o Aécio tenderá a disputar a vaga de presidente ou governador daqui a quatro anos, afirma o presidente do PSDB, deputado federal Nárcio Rodrigues.

Também em Minas, porém no lado oposto, a vaga de suplente caso o ex-prefeito Fernando Pimentel se confirme como candidato ao Senado é a menina dos olhos. Aliado de primeira hora e amigo da presidenciável Dilma Rousseff (PT), o petista é nome dado como certo em um ministério, caso ela seja eleita para o Palácio do Planalto.

Convicção Em São Paulo, petistas e tucanos despertam cobiça em vagas secundárias. No caso do PSDB, ser suplente do pré-candidato ao Senado, Aloyzio Nunes Ferreira, traz boas perspectivas aos interessados. Secretário do ex-governador José Serra na prefeitura e no governo de São Paulo, ele é o articulador político do tucano. Também já foi ministro da Justiça. Tudo isso o credencia como um nome praticamente garantido em um dos ministérios, caso José Serra seja eleito presidente. Na vitória que todos alimentamos é quase uma convicção generalizada de que o Aloyzio será ministro do Serra e aquele que estiver na chapa como suplente tem a perspectiva muito grande de assumir uma cadeira no Senado, afirmou o deputado federal Antônio Carlos Pannuzio (PSDB).

Entre os petistas, a vaga de suplente da pré-candidata ao Senado Marta Suplicy também está sendo cobiçada. Ex-ministra do Turismo no governo Lula, a petista também seria uma ministeriável no caso de Dilma se eleger presidente. De acordo com o secretário de Organização do PT, Paulo Frateschi, as definições para o suplente de Marta ainda não começaram.

Realmente os espaços da vice-governadoria e suplência passaram a ser muito nobres

Nárcio Rodrigues, presidente do PSDB em Minas