Título: Embargo da UE faz Frigoclass adiar início de operações
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2006, Agronegócios, p. B10
O embargo europeu à carne bovina de três Estados brasileiros por causa da febre aftosa levou o Frigoclass a adiar pela segunda vez o início de suas operações. O frigorífico, localizado em Promissão (SP), foi comprado há um ano pelo empresário britânico Terry Johnson. O plano inicial era colocar o frigorífico em operação em maio passado, mas a reforma da unidade foi ampliada e o empresário também decidiu construir uma nova instalação, adiando a previsão para o começo da operação para outubro último. Mas justamente em outubro foi registrado o foco de aftosa no Mato Grosso do Sul, o que levou a UE a suspender as compras do Estado, além de São Paulo e Paraná. Como sua produção será toda destinada à exportação para a Europa, o início do abate no Frigoclass teve de ser postergado, segundo Sérgio Figueiredo, diretor-financeiro da empresa. "Achamos por bem permanecer fechados até São Paulo abrir". Ele acredita que tecnicamente não haveria razão para o embargo a São Paulo, mas avalia que a medida foi uma retaliação européia ao Brasil, já que por São Paulo saem mais de 50% das exportações brasileiras de carne bovina. A expectativa de Figueiredo é de que possa finalmente começar a operar no fim de março, cerca de 60 dias após a visita de uma missão oficial européia ao Brasil, prevista para a próxima semana, para avaliar o controle da enfermidade. "Se os técnicos brasileiros responderem de forma satisfatória aos questionamentos dos europeus, o mercado [da Europa] deve ser reaberto em 60 dias", prevê. Como o início das operações foi adiado, o mesmo ocorreu com a contratação de cerca de 300 pessoas, segundo o executivo. Quando começar a funcionar, o Frigoclass, deverá abater 700 cabeças de gado por dia. Além de adiar a abertura da fábrica brasileira - onde entre aquisição e reforma foram gastos R$ 100 milhões -, o empresário Terry Johnson está se desfazendo de seu frigorífico na Austrália, o Australia Queensland Beef Processor. De acordo com Sérgio Figueiredo, Johnson decidiu vender a unidade porque ela é pequena - abate de 400 animais/dia - e a Austrália está perdendo competitividade na produção de carne. "Se a Ásia e os Estados Unidos abrirem seus mercados para a carne da América do Sul, a Austrália perderá clientes", avalia. Johnson também tem frigorífico na Argentina, o Argentine Breeders & Packers, de onde exporta para Europa e Chile. (AAR)