Título: No Planalto, corte ficou dentro das expectativas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/01/2006, Finanças, p. C1

A redução de 0,75 ponto percentual na taxa de juro básica da economia, anunciada na noite de quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ficou dentro das expectativas do Palácio do Planalto, na avaliação de assessores do presidente Luis Inácio Lula da Silva. Ainda que pela mudança do calendário das reuniões do Copom, o corte de 0,75 corresponda a uma queda mensal de 0,5 ponto percentual na Selic durante o ano, a mesma reação positiva foi colhida junto aos ministérios da Fazenda e do Planejamento. O fato é que assessores do Planalto torciam para que o corte fosse maior, algo como 1 ponto percentual, mas esse número não chegou a ser uma determinação do presidente Lula, até porque a forma de comunicação entre o presidente o BC, dentro de sua independência consentida, não é exatamente dessa forma, impositiva. Ainda no início de dezembro, numa das conversas que Lula teve com o presidente do BC, Henrique Meirelles, em meio à amplas discussões no governo sobre mudanças na política econômica, Lula teria deixado claro a Meirelles que a política econômica, apesar de ter derrubado a atividade principalmente por causa da taxa de juros, não seria alterada, mas mantendo o seu escopo, ele não queria mais ver erros de dosagem. O recado do presidente da República já estava dado: ele quer um crescimento mais vigoroso este ano, quando deverá tentar a reeleição. "O presidente acredita nessa política. Ele tem convicções", sublinhou um qualificado assessor do Planalto.