Título: Operadores enfrentam a mesma situação em todo país
Autor: José Rodrigues
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2005, Empresas &, p. B4

O "apagão" logístico citado pelo superintendente do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), Mauro Mader, não é um problema exclusivo do Paraná. O TCP deve fechar 2005 com um movimento 15% superior ao registrado em 2004, com 380 mil TEUs. Os investimentos em equipamentos e melhorias operacionais chegaram a R$ 25 milhões este ano e a previsão para o próximo é de que sejam investidos R$ 15 milhões. Em Itajaí, o superintendente do Teconvi, Cláudio Daudt, considera preocupante a pequena pressão feita pelos parlamentares para conseguir mais verbas para as obras. Daudt observa que programas como o Reporto, destinado a melhoria e aquisição de equipamentos portuários, auxiliou a minimizar alguns problemas mas a realidade ainda está bem distante do ideal. O Teconvi deve encerrar 2005 com crescimento próximo aos 20% se comparado com 2004. O diretor comercial da Santos Brasil, Roberto Tortimá, diz que o terminal irá contabilizar este ano a operação de 1 milhão de TEUs, sendo o primeiro da América do Sul a alcançar esta marca. Tortimá reconhece a existência de problemas graves, mas lembra que o setor tem mantido o fluxo de cargas. "Já o governo está devendo um pouco, mesmo alegando falta de recursos. Esperamos que os gargalos não atrapalhem muito, mas a situação é preocupante", afirma. O executivo alerta que Santos, Itajaí e Paranaguá encontram-se próximos de seu limite operacional, o que amplia a necessidade de investimentos me infra-estrutura. Segundo ele, a espera média nos portos de Santos chega a 8 horas. O presidente do Tecon Suape, Sérgio Kano, diz que em função das dificuldades verificadas nos portos das regiões Sul e Sudeste muitos armadores estão optando por redirecionar suas cargas, em especial as de transbordo, para unidades localizadas em outras regiões. "Estamos sentindo que há uma tendência neste sentido. Os armadores estão enviando suas cargas para portos menores e sem este tipo de problemas, como Suape, Sepetiba e Rio Grande", diz. Nos últimos três anos a movimentação de contêineres de transbordo no porto pernambucano foi multiplicada por dez. Neste ano, Suape deverá registrar a movimentação de 30 mil TEUs de transbordo, praticamente o dobro do registrado em 2004. O diretor do Departamento de Programas Aquaviários do Ministério dos Transportes, Paulo de Tarso, diz que o governo está tentando minimizar os problemas, mas reconhece que as dificuldades são maiores e mais complexas do que simplesmente realizar obras de dragagem ou acessos viários. "A situação é verificada em toda a cadeia logística. Existem problemas de acesso rodo-ferroviário, as estradas não ligam os pontos de produção aos de escoamento. Também falta local para a armazenagem da produção. Hoje os caminhões são utilizados como armazéns sobre rodas em função das deficiências deste segmento. Isto ocasiona filas e um longo de espera, por exemplo", diz. Tarso afirma que os investimentos em logística portuária passaram de R$ 280 milhões em 2004 para R$ 630 milhões, em 2005. Apesar do incremento no volume, Tarso reconhece que o efetivamente utilizado ficou bem aquém do esperado e um dos maiores entraves foi dificuldade para obter o licenciamento ambiental para as obras. (PE)