Título: Estímulo à criação de peixes no Nordeste
Autor: Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Agronegócios, p. B-10

Estimular a produção de peixes em cativeiro é um dos objetivos da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) nos próximos anos. "Somente no rio São Francisco, esta produção chega a 15 mil toneladas. Se utilizarmos apenas 0,01% dos grandes reservatórios de Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Moxotó e Xingó, teremos 634 mil hectares para o cultivo de peixes. Isso garante 100% da produção nacional atual de pescados, tanto em cativeiro como de pesca, que é de 950 mil toneladas anuais", diz o engenheiro de pesca e coordenador de Desenvolvimento Rural da Codevasf, Albert Bartolomeu de Souza Rosa. A meta da estatal é que a produção nos cinco grandes reservatórios do rio São Francisco chegue a 95,1 mil toneladas até 2008. Para cumprir seus planos, a Codevasf está destinando R$ 4,6 milhões em melhorias na estação de produção de alevinos da estatal e na capacitação de produtores ribeirinhos. Rosa diz que a companhia conta com seis estações de piscicultura em sua área de abrangência. A idéia é que os laboratórios, com capacidade para produzir até 18 milhões de alevinos, sejam transformadas em estações de prestação de serviços para pequenos piscicultores. O processo foi iniciado pela região do baixo São Francisco, no Estado de Alagoas. Parte dos investimentos é destinada à recuperação de estruturas e ampliação da capacidade de produção de alevinos. Somente a Terceira Superintendência Regional, localizada em Petrolina (PE), produz 2,5 milhões de alevinos por ano. A meta, segundo o engenheiro de pesca Marcelo Barbalho, é elevar este volume para 5 milhões. Barbalho diz que a produção coordenada pela superintendência gira em torno de 420 toneladas de pescados por ano. "Queremos chegar a 600 toneladas em 2005", diz. Mas a produção de peixes em cativeiro não está associada apenas às entidades estatais. Grupos privados também descobriram o potencial da atividade e estão investindo na criação de peixes em cativeiro, com destaque para a tilápia, que tem altos valores nutritivo e comercial. Segundo a Codevasf, há em atividade cinco empresas de processamento, - duas certificadas com o Selo de Inspeção Federal (SIF) e as demais com o selo estadual - e outras quatro estão em fase de implantação na região do São Francisco. Uma dessas empresas, a AAT (Tilápia São Francisco), ligada ao grupo MPE, está em atividade desde 2002, com investimentos já realizados de R$ 10 milhões. Conforme o superintendente do grupo MPE, Mário Aurélio da Cunha Pinto, estão previstos investimentos de R$ 6 milhões em 2005. A empresa produz em sua unidade, no vale do submédio São Francisco, 120 toneladas de pescados por mês. As exportações aos EUA chegam a 50% da produção. Os novos investimentos previstos servirão para dobrar a produção própria e manter a compra de terceiros em torno de 25% do total produzido. O frigorífico da AAT é capaz de beneficiar até 800 toneladas de peixes por mês.