Título: Administração não impedirá os saques
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2004, Finanças, p. C-1

Os fundos dos gestores que contrataram o serviço de administração do Banco Santos e que possuem um único cotista - chamados de fundos exclusivos - podem ser movimentados normalmente. A informação é da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo Marcelo Trindade, presidente da autarquia, esses fundos podem trocar de administrador a critério do interventor. "Os cotistas devem ter entrado em contato com o gestor, que irá pedir uma autorização ao interventor para a troca", disse. Ontem, o Valor publicou na segunda parte da tabela "Quem tem dinheiro no Santos" a lista de gestores que têm fundos administrados pelo banco sob intervenção. O presidente da CVM esclareceu que - assim como nos fundos abertos geridos pelo Santos -, nos fundos exclusivos e terceirizados, a carteira pertence ao cotista, e não se mistura com o patrimônio do banco. "O fundamental é avaliar os ativos", disse Trindade. Outro ponto a ser observado é se o banco é responsável também pela custódia. "Isso é importante para checar se os ativos em carteira estão todos em ordem, mas não acredito em problemas dessa natureza." O conceito de gestão e de administração cria confusão entre os investidores, uma vez que, no passado, quando não havia gestores independentes, as duas funções eram exercidas pela mesma instituição. Hoje, a gestão - ou seja, a escolha de onde o dinheiro vai ser aplicado - pode ser feita por uma empresa e a administração - controles de cotas ou do risco -, por outra. Trindade reforça que a figura do administrador não é meramente ilustrativa e a Instrução 409 determina que é ele que contrata o gestor e não o contrário. A Máxima Asset Management e a Allocation Asset Management, que terceirizam a administração de alguns fundos para o Banco Santos, entraram em contato com o Valor para esclarecer que nas carteiras não há qualquer ativo que contenha risco de crédito da instituição sob intervenção. "A carteira do fundo se compõe somente de títulos públicos, ações e opções na Bovespa e BM&F, e cerca de 60% em caixa sendo remunerado diariamente, com lastro em títulos públicos tendo como contraparte o Bradesco, onde é feita a custódia do fundo. Já estão sendo tomadas todas as medidas junto aos cotistas para substituição do administrador fiduciário, que deve ocorrer o mais breve possível", informou a Allocation. O diretor da Máxima, André Petersen, disse que somente dois fundos da Máxima tinham administração terceirizada para o Santos. Os outros são administrados pela Mellon DTVM e têm custódia do Banco Itaú. Em nenhum deles, esclarece Petersen, há qualquer ativo ou risco de crédito do Banco Santos, mesmo nos fundos cuja administração estava sendo feita por esta instituição. "Já entramos em contato com o interventor para solicitar a mudança de administrador", disse Petersen. O escolhido deve ser o WestLB. Nos demais fundos exclusivos administrados pelo Santos caberá ao interventor decidir o que o gestor poderá fazer. Aqueles que não possuem ativos de difícil contabilização, como as Cédulas de Crédito Bancário (CCB) ou CDBs e debêntures do próprio grupo, devem encontrar mais facilidade para movimentação. A Fundação Corsan, que tem fundos geridos e administrados pelo Santos, informou que seu prejuízo estimado é de R$ 3 milhões, relativos a CDBs de emissão do banco. A Fundação está em contato com o interventor do BC para trocar o administrador do fundo. O mesmo acontece com a Geap, que informou que não há CDBs do Banco Santos ou CCBs em suas carteiras.