Título: PMDB de SP lança candidatura Rigotto
Autor: Thiago Vitale Jayme e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2006, Política, p. A6

Para tentar desbancar a candidatura do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, à Presidência da República, os apoiadores de Germano Rigotto, governador do Rio Grande do Sul, pretendem fazer um lançamento oficial de sua candidatura pelo PMDB no dia 3 de fevereiro, em São Paulo. O diretório paulista articula com os nove governadores pemedebistas um grande ato de apoio. Dois deles, o de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e o de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, já declararam apoio ao gaúcho. Dessa forma, pretendem acuar ainda mais a candidatura de Garotinho, mostrando a ele que suas articulações carecem de apoio das principais lideranças pemedebistas do país e que o partido está quase completamente unido em torno de Rigotto. Para uma completa união, faltaria o endosso da ala governista do partido, liderada pelos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), além, evidentemente, dos apoiadores do ex-governador fluminense. O ato também pretende inaugurar uma arrancada do partido na campanha deste ano. De acordo com um alto quadro da legenda, o partido vê este ano como momento ideal para recuperar a projeção nacional, fragilizada desde os anos 90 com a polarização entre o PT e o PSDB. Apesar de saberem da dificuldade de vitória de Rigotto, a ida ao segundo turno é vista como um cenário possível e que colocaria o partido de volta no cenário. Além disso, há a crença de que, sem uma candidatura própria, qualquer que seja o resultado das eleições, as chances de o PMDB voltar a ser protagonista são difíceis. A candidatura de Rigotto tem como principal problema a sua falta de visibilidade no país. Por isso, assim que as prévias forem definitivamente marcadas, o governador gaúcho pretende tirar 20 dias de licença para poder fazer campanha pelos diretórios estaduais. "Nunca fui candidato à Presidência, tenho um enorme potencial de crescimento e rejeição baixa ", afirmou Rigotto. Mesmo com a permanência da verticalização, regra que proíbe alianças estaduais diferentes das nacionais, a maioria das lideranças do PMDB insiste em ter candidatura própria. A ala governista, porém, trabalha para o partido não ter candidato, mas conseguiu adiar apenas por duas semanas as prévias marcadas inicialmente para 5 de março. A estratégia de Sarney e Renan era jogar a consulta interna para abril, de modo a inviabilizar Rigotto, que teria que se desincompatibilizar do governo sem garantir a candidatura. Amanhã, a Executiva se reunirá para definir a data e debater as duas candidaturas. Dentro do partido, a resistência à candidatura de Garotinho vem dos governadores, dos dirigentes identificados com o antigo MDB e dos próprios governistas. Levado ao partido pelo deputado Moreira Franco, o ex-governador do Rio de Janeiro é considerado recente na legenda e sem muitas afinidades com o legado pemedebista. Rigotto já explora esta vantagem, fazendo questão de lembrar em cada vez que se pronuncia que é filiado de longa data ao partido.