Título: Missão da UE chega e pode rever embargo
Autor: Alda do Amaral Rocha e Marli Lima
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2006, Agronegócios, p. B9

Crise Sanitária Bloco proibiu compras de três Estados devido à aftosa; PR e Paraguai se unem para combater vírus

Uma missão veterinária da União Européia inicia esta semana visitas a propriedades rurais e a frigoríficos nos Estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, onde o Ministério da Agricultura confirmou a ocorrência de focos de febre aftosa em outubro passado. A visita está sendo bastante aguardada porque a expectativa é de que a partir dessas vistorias a União Européia possa rever o embargo às importações de carne bovina dos Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. O bloqueio foi imposto após a confirmação dos focos. De acordo com o Ministério da Agricultura, o objetivo da missão é verificar o trabalho que está sendo feito para a erradicação dos focos e as condições de certificação. A missão, que vai até dia 3 de fevereiro, também irá visitar o laboratório de diagnósticos (Lanagro) de Porto Alegre. Segundo o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Jorge Caetano, a missão irá vistoriar as áreas onde foram registrados focos no Mato Grosso do sul e no Paraná. Ele informou ainda que o Ministério da Agricultura, técnicos da Secretaria de Agricultura do Paraná e do Panaftosa estão analisando os resultados da sorologia de duas mil amostras de material coletado em propriedades onde havia suspeita de aftosa nos municípios paranaenses de Amaporã, Grandes Rios, Loanda e Maringá. Em dezembro, o Ministério confirmou a ocorrência de foco em São Sebastião da Amoreira, também no Paraná. Caetano não informou se houve testes positivos e disse que os resultados têm de ser "analisados em conjunto". Ele afirmou que é preciso avaliar o "percentual de positividade", que leva em conta fatores como faixa etária dos animais, tamanho do rebanho e vínculo epidemiológico com o primeiro foco no Mato Grosso do Sul. Para combater a aftosa, o Paraná está se unindo ao Paraguai. Na sexta-feira integrantes da Secretaria da Agricultura do Estado e representantes daquele país participaram em Curitiba da 3ª reunião bilateral para tratar de medidas de prevenção na fronteira. Foram discutidos procedimentos de georreferenciamento das propriedades distantes até 25 quilômetros em ambos os lados, metodologia para identificação dos animais, educação sanitária e vacinação conjunta. Ficou acertado que a vacinação de reforço dos animais na região de fronteira ocorrerá a partir de 15 de fevereiro. No Paraná o trabalho envolverá 8.745 propriedades de 11 municípios, onde estão 205 mil animais. "É importante que haja confiança mútua", disse Orlando Pessuti, secretário da Agricultura. O presidente do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal do Paraguai (Senacsa), Hugo Corrales Irrazábel, defendeu também a fiscalização conjunta dos trabalhos. De acordo com ele, nenhum animal do lado paraguaio teve sintomas de aftosa, mas 80 cabeças de gado brasileiro que invadiram cinco quilômetros no território paraguaio foram abatidas em frigorífico.