Título: Microcrédito em SP terá recursos do BNDES
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 23/01/2006, Finanças, p. C3

Empréstimo "São Paulo Confia" recebe R$ 1,75 milhão para estimular pequenos empreendedores da cidade

A "São Paulo Confia ", instituição de microcrédito criada em 2001 para estimular pequenos empreendedores da cidade, acaba de receber R$ 1,75 milhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um das primeiras liberações de recursos do banco para o microcrédito no governo Lula. Esta é a parcela inicial de um empréstimo total de R$ 4 milhões. A segunda tranche deve sair em julho. Com o dinheiro, a SP Confia pretende dobrar o volume de recursos emprestados este ano. Em 2005, foram R$ 13,6 milhões, 20% acima dos valores do ano anterior e quase cinco vezes acima dos créditos de 2002. Ao todo, foram feitos 13,5 mil empréstimos no ano passado, com valores que oscilavam entre R$ 50 e R$ 5 mil. Para Gilmar Viana, secretário do Trabalho do Município de São Paulo, os recursos com o BNDES só foram aprovados com a profissionalização da gestão na SP Confia desde o início do ano. Foi feito um trabalho para cortar custos e, em novembro, a entidade apresentou seu primeiro superávit. Neste trabalho, o número de funcionários caiu de 126 para 29 e foram fechadas duas das oito unidades da SP Confia, que tecnicamente é uma organização da sociedade civil com interesse público (Oscip). "Procuramos fazer um trabalho para reduzir os custos dos empréstimos", diz o secretário. Há dois anos, para cada R$ 1,00 emprestado, o custo era de R$ 3,69. Agora, o custo caiu para R$ 0,90, ainda considerado alto por Viana. Para reduzir as taxas de inadimplência, que chegaram a 6,73% em 2002, foi criada uma política para incentivar o pagamento em dia. Quem não tiver atrasos, tem o limite de crédito aumentado. Como resultado, as taxas de inadimplência caíram no ano passado para 2,5%. Das pessoas que tomam recursos na SP Confia, 52,6% são homens e 55% estão na zona leste da cidade. O dinheiro é usado por 84,4% em empreendimentos comerciais; 14% usam para os serviços e só 0,87% para a produção. Os juros cobrados são de 3,9%. Para tomar crédito no SP Confia, é preciso formar um grupo de quatro a sete microempresários. O grupo toma o recurso, que é repartido entre os membros. O BNDES já liberou outras linhas para o microcrédito produtivo no ano passado, quando voltou a emprestar para este segmento depois de uma reformulação nas regras. Em dezembro, liberou R$ 3,5 milhões para a ICC Blusol (Instituição Comunitária de Crédito Blumenau Solidariedade). O outro foi de R$ 10 milhões para a CaixaRS, que atua no Estado do Rio Grande do Sul.