Título: Desespero para salvar o euro
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Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2010, Economia, p. 11

Diante da desconfiança cada vez maior dos mercados, ministros das Finanças se reúnem em busca de solução definitiva para reverter o caos

Os ministros das Finanças da Zona do Euro se reúnem hoje, em Bruxelas, na tentativa de encontrar uma solução definitiva para evitar o colapso da moeda comum, que continua em queda mesmo depois do anúncio de um socorro de 750 bilhões de euros (R$ 1,7 trilhão) aos países em dificuldades, entre eles, Grécia, Portugal e Espanha. As preocupações persistentes sobre a saúde econômica e orçamentária da Zona do Euro levaram os mercados financeiros ao fundo dom poço na semana passada, alimentando as desconfianças em um possível calote na região. Durante a reunião, os ministros buscarão respostas a paradoxo: como evitar que os governos que adotam medidas de austeridade para reduzir deficits e acalmar os mercados enfrentem reação negativa por parte dos investidores ante os efeitos nocivos que as medidas terão no consumo e no crescimento. O encontro terá sequência amanhã, quando os ministros das Finanças de toda a União Europeia presentes. A moeda europeia, que atingiu o patamar mais baixo desde outubro de 2008, de 1,2355 por dólar, não recebeu apoio de Paulo Volker, conselheiro econômico do presidente americano Barack Obama. Ele acredita em uma eventual ¿desintegração¿ da Zona do Euro. Outras informações contribuíram para essa imagem, mas foram desmentidas por fontes oficiais. Segundo os boatos, o presidente francês Nicolas Sarkozy havia ameaçado retirar a França da zona para forçar a chanceler alemã Angela Merkel a aceitar o plano de resgate da Grécia.

Arsenal Para o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, os mercados experimentam uma das ¿situações mais complicadas desde a Segunda Guerra Mundial¿. Quanto ao economista-chefe do BCE, Jürgen Stark, ele julga que o plano de ajuda ¿só está ganhando tempo, nada mais¿. ¿Tudo ficará igual, sem reformas econômicas na Zona do Euro e sem esforços orçamentários¿, declarou Stark. Para evitar que isso ocorra, a Comissão Europeia propôs, na última quarta, um controle preliminar dos projetos orçamentários nacionais e quer instituir um arsenal de sanções profundas para os países que seguirem à regras.