Título: Proposta pode reduzir interesse pelos navios da Transpetro
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2005, Empresas &, p. B5

O projeto de construção de um dique-seco, em concorrência aberta pela Petrobras e conduzida pela Rio Bravo, pode levar pelo menos um estaleiro a desistir de apresentar proposta pelos 26 navios a serem encomendados pela Transpetro, o braço de logística da estatal. Na semana passada a Transpetro anunciou um novo adiamento no prazo de entrega das ofertas da licitação. Os estaleiros pré-qualificados na concorrência, que inicialmente teriam de entregar as ofertas comerciais até amanhã, terão agora prazo até 16 de janeiro - um dia antes do encerramento para apresentação das propostas de outra disputa que interessa ao setor, o da construção do dique-seco da Petrobras. O Valor apurou que entre os estaleiros virtuais, aqueles que ainda não contam com estrutura física implantada, há quem considere inviável tomar financiamento, construir a unidade e ter uma margem de retorno satisfatória na construção dos navios da Transpetro. Neste ponto, os estaleiros existentes, com investimentos amortizados, levariam vantagens, apesar de terem de fazer novos desembolsos de capital para modernizar as instalações. O novo adiamento do prazo para entrega das ofertas foi motivado pelo pedido dos próprios estaleiros, disse o presidente da Transpetro, Sérgio Machado. As empresas ou consórcios convidados a participar da licitação (são sete no total) estariam com dificuldades de fechar os orçamentos, já que muitos equipamentos a serem usados na construção dos navios são importados e no exterior muitas empresas não operam normalmente nesta época. Machado disse que, apesar do adiamento, os contratos com os estaleiros ganhadores da licitação serão assinados entre fevereiro e março do ano que vem. Nos bastidores do setor comenta-se que das quatro empresas qualificadas na licitação para o grupo A (que contempla a construção dos navios de maior porte) haverá concorrência, de fato, apenas entre três delas. A disputa seria entre os grupos liderados por Sermetal, Camargo Corrêa e BrasFels . O quarto habilitado no grupo A, o consórcio Rio Grande, formado por Aker Promar e Queiroz Galvão, com assistência técnica da coreana Samsung, estaria se associando ao consórcio Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, com assistência da japonesa Mitsui, na construção do estaleiro de Suape, em Pernambuco. Desta forma a Aker estaria desistindo de construir um estaleiro em Rio Grande (RS). Ariovaldo Rocha, que integra o Aker Promar, negou que a empresa esteja abrindo mão do projeto no Rio Grande do Sul. Quem desistiu, segundo ele, foi a Aker Yards, da Noruega. Fontes do setor dizem, porém, que o consórcio Rio Grande pode apresentar um preço alto para construir os navios no próximo dia 16 de janeiro e, depois de definidos os vencedores, adquirir uma participação acionária no capital do estaleiro pernambucano. Em geral, os participantes da licitação não acreditam que algum navio encomendado possa "flutuar" já em 2006, como era o objetivo da Transpetro ao concluir a fase de pré-qualificação dos estaleiros. A assinatura dos contratos em 2006, ano eleitoral, já será uma grande vitória do governo Luis Inácio Lula da Silva, dizem os participantes. (FG)