Título: Grupo J. Pessoa acelera reestruturação
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2005, Agronegócios, p. B8

Estratégia Projeto tem por meta atrair investidores internacionais e, no futuro, poderá levar à abertura do capital

Um dos maiores grupos sucroalcooleiros do país, o J. Pessoa se prepara para concluir em 2006 uma reestruturação iniciada no fim de 2004 tendo em vista a abertura do capital à participação de investidores estrangeiros. Segundo o empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente da companhia, a idéia é contar com esse "reforço internacional" já a partir de 2007. Com sede em São Paulo, o J. Pessoa fatura cerca de R$ 400 milhões por ano. Hoje 100% nacional, o grupo deu partida ao remodelamento de seus negócios com a criação da Companhia Brasileira de Açúcar e de Álcool, que deverá controlar todas as usinas do grupo - exceto aquelas administradas em parceria com outros sócios. A nova companhia, por sua vez, será controlada pela também já existente Agriholding. A entrada de estrangeiros no grupo será via participações nesta holding. Parte da reestruturação está sendo capitaneada pela KPMG. O J. Pessoa tem 11 usinas de açúcar e álcool, das quais oito em operação e três em processo de expansão. A unidade Sanagro, em Icem (SP), foi a primeira a ser oficialmente incorporada pela Companhia Brasileira de Açúcar e de Álcool, no primeiro trimestre deste ano. Ficarão fora do controle da nova empresa as também paulistas Benálcool, de Bento de Abreu, Everest, de Penápolis, e Da Mata, de Valparaíso. As três têm sócios brasileiros. "Nosso objetivo, com essa reestruturação, é abrir caminho para novos sócios interessados em investir no grupo", reitera Pessoa. Segundo ele, o grupo tem sido sondado por fundos de "private equity" e mesmo por companhias estrangeiras. Pessoa diz que a reestruturação também poderá facilitar, no futuro, a abertura de capital e o lançamento de ações em bolsa - caminho já trilhado pelo Cosan, maior produtor individual de açúcar e álcool do país. Pessoa diz, porém, que não pretende abrir mão do controle acionário da empresa. As usinas Everest e Da Mata, além da Quissamã, no norte do Rio, estão sendo expandidas. Adquirida neste ano, a Everest voltará a operar na safra 2006/07. Em 2007/08, será a vez da Quissamã. Alvo do mais recente investimento do J. Pessoa, a Da Mata, administrada em parceria com os grupos Jacarezinho (da família Grandene) e Brasif, deverá regressar ao mercado em 2008. "Juntos, vamos investir R$ 150 milhões na usina Da Mata [nas áreas agrícola e industrial]", afirma o empresário. Depois de expandida, a unidade deverá processar 1,2 milhão de toneladas de açúcar em uma primeira etapa. Em 2006, as atenções de Pessoa também estarão concentradas na ampliação da área plantada com cana. O empresário diz que o grupo vai investir em torno de R$ 6 milhões para aumentar a área em 21 mil hectares - suficientes para gerar produção de 2 milhões de toneladas de cana. Cerca de 20% da área adicional servirá para a renovação de canaviais. "É um investimento que temos feito nos últimos três anos". O empresário não descarta novas aquisições no ano que vem, mas lembra que as usinas do país estão muito valorizadas em virtude da boa fase dos mercados de açúcar e álcool no país e no exterior. Nesta safra, a 2005/06, o grupo J. Pessoa deverá moer 8 milhões de toneladas de cana. Em tempo: recuperado do susto provocado por um acidente vascular cerebral (AVC) no fim de setembro, José Pessoa acelera o treinamento para participar da próxima maratona de Paris, em março. Em setembro, por conta do problema de saúde, ele cancelou sua participação na maratona de Buenos Aires e agora quer recuperar o tempo perdido. Nos negócios a postura é a mesma: enquanto concedia entrevista ao Valor, atendia a dois telefones simultaneamente.