Título: BPN fortalece atuação no crédito ao consumo para crescer no Brasil
Autor: Luis Fernando Klava
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2005, Finanças, p. C2

Diferentemente de seus compatriotas que também atuam no Brasil, o Banco Português de Negócios (BPN) elegeu o crédito ao consumo como uma de suas prioridades. Apesar da operação ainda ser pequena - cerca de R$ 45 milhões --, sua promotora de vendas, a Creditus, já está presente em nove Estados, além do Distrito Federal, e firmou convênios com cerca de 750 varejistas, a maioria de pequeno e médio portes. No Brasil desde 2003, o BPN ganhou notoriedade quando uma de suas coligadas comprou parte de um edifício inacabado que ficou conhecido como "esqueleto da Eletropaulo", na zona Sul da capital paulista. Até hoje, no entanto, a construção ainda não foi finalizada. A decisão de investir no financiamento ao consumo é fruto de uma pesquisa realizada para orientar a entrada do grupo no mercado brasileiro. Entre os segmentos identificados como mais promissores estão o crédito voltado às pessoas físicas e o comércio exterior. Como sua escala é reduzida, a instituição optou por um modelo diferente do adotado pelas principais financeiras, que montaram redes próprias e terceirizadas para brigar pelos clientes nas principais ruas das grandes cidades. "Quando se força muito a venda, o risco da inadimplência aumenta, o que não é interessante", afirma o presidente do BPN Brasil, o português José Castelo Branco. A opção do banco foi firmar relacionamentos com varejistas de setores-chaves como materiais de construção, móveis e pneus. O maior cliente, no entanto, é uma companhia aérea. Uma das peculiaridades da operação do BPN é a expressiva participação dos cheques no total financiado - cerca de 80%, contra 20% dos carnês. Nem por isso, entretanto, os meios eletrônicos de pagamentos foram descartados. "Em 2005 começamos a oferecer cartões próprios (private labels) para alguns de nossos clientes", conta o executivo. Para suportar essa operação foi montada uma processadora de cartões, a Biz Service, que, além de atender a demanda do grupo, vai buscar clientes próprios, disputando o mercado com empresas como Orbitall, Certegy e CSU. Outra linha de atuação do BPN é a prestação de serviços para instituições financeiras concorrentes. "Conquistamos a confiança do mercado graças a nossa solução tecnológica e, em alguns casos, fazemos desde a originação até a cobrança dos empréstimos", diz Castelo Branco. Segundo ele, esse é um serviço que está começando, mas que deve ganhar fôlego em 2006. Bastante cauteloso ao falar do futuro, o presidente do BPN se recusou a contar as metas da Creditus para o próximo ano. Mas revelou que pretende acessar o mercado de capitais para fortalecer o funding (dinheiro disponível para empréstimos). "Até agora, o funding tem sido fornecido pelo grupo BPN. No entanto, para crescermos, precisamos de mais recursos." Diversos mecanismos estão sendo estudados, entretanto, a opção escolhida deverá ser o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), diz o executivo. O crédito com desconto em folha de pagamento, apesar de estar entrando em um momento de saturação, de acordo com analistas, será outra aposta do BPN para 2006. Recentemente o banco recebeu autorização do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) para oferecer o produto para aposentados e pensionistas. Em algumas empresas privadas o produto já é disponibilizado, mas em baixa escala. Fora a área de crédito, o BPN também atua com produtos de comércio exterior (câmbio) e investimentos. O próximo passo é atuar como banco comercial, o que já está sendo pleiteado junto ao Banco Central. "Dessa forma, poderemos oferecer conta corrente e serviços de liquidação financeira. Em novembro, por exemplo, começamos a operar no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)", conta Castelo Branco. A área de seguros deve ser fortalecida. Neste mês, o grupo abriu uma corretora que vai, inicialmente, vender seguros de garantia de crédito oferecidos pela seguradora ACE.