Título: Crédito ao comércio
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2010, Mundo, p. 14

Se as negociações sobre o impasse nuclear foram conduzidas com a máxima discrição, foi com o estardalhaço possível que Brasil e Irã anunciaram um conjunto de acordos para intensificar as relações bilaterais, em especial no campo econômico-comercial. O presidente Lula, que viajou com uma comitiva de 300 pessoas, a maioria empresários, anunciou a liberação de um crédito de 1 bilhão de euros para financiar exportações de alimentos brasileiros nos próximos cinco anos. Na terceira reunião com o colega Mahmud Ahmadinejad, o visitante assinou acordos de cooperação no setor petroleiro, troca de tecnologia e linhas de crédito. O Brasil quer se orientar mais na direção dos países emergentes, entre os quais o Irã é um dos nossos principais sócios, declarou o presidente brasileiro em uma coletiva de imprensa conjunta com o anfitrião. O comércio bilateral duplicou nos últimos anos, de US$ 500 milhões (2002) para US$ 1,23 bilhão (2009). O Irã é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil no Oriente Médio, mas é com os iranianos que o país registra o maior superávit entre os países da região. A linha de crédito para a exportação de alimentos ao Irã será aberta com recursos do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Ministério da Fazenda. Não faz sentido que os negócios entre empresas iranianas e brasileiras dependam de crédito e boa vontade de bancos estrangeiros, afirmou o presidente brasileiro. Foram assinados também atos sobre cooperação em turismo, esportes, agricultura, metrologia e mineralogia. Para Ahmadinejad, a visita de Lula fortaleceu a cooperação econômica entre dois países que buscam transformar-se rapidamente em polos econômicos de suas regiões. Uma nota oficial iraniana colocou a aproximação com o Brasil como resposta a alguns países que controlam os centros políticos, econômicos e midiáticos do mundo e tratam de impedir a emergência de outras potências.