Título: Fluxo de investimento direto cai 15%
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2006, Brasil, p. A3

Relações externas Brasil fica só com 1,7% da captação global em 2005, revela a Unctad

O Brasil perdeu posição entre os países que mais atraíram investimentos estrangeiros diretos (IED) no ano passado, enquanto o fluxo global aumentou 29% e alcançou US$ 897 bilhões. Estimativas divulgadas ontem pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) mostram que o volume de US$ 15,5 bilhões -o número oficial, divulgado semana passada, é de US$ 15,2 bilhões - que entrou no país, representa queda de 15% em relação a 2004, o que provocou a queda da 10ª para a 11ª posição global. O Brasil atraiu 22% dos US$ 72 bilhões investidos na América Latina, comparado a 27% no ano anterior. Em um ano, a parte do país na captação global de investimento direto estrangeiro caiu de 2,6% para 1,7%. O México voltou a ser o país que mais atraiu IED na região, com US$ 17 bilhões, mas essa cifra também representou queda de 4% por causa de menos dinheiro indo para o setor financeiro. Chile e Colômbia tiveram captação em alta. A Rússia também superou o Brasil na captação desses investimentos. No geral, a expansão do volume que entrou no grupo dos países em desenvolvimento foi mais modesto: chegou a US$ 274 bilhões, com alta de 13%, quando chegara ao recorde de 41% em 2004. Já nos países industrializados, a entrada de investimento direto estrangeiro aumentou 39%. O Reino Unido foi o país que mais recebeu esse tipo de investimentos no mundo, pela primeira vez desde 1977, com US$ 219 bilhões. No entanto, o resultado deve-se sobretudo à fusão de US$ 100 bilhões entre a Shell Transport and Trading Company com a Royal Dutch Petroleum, criando a Royal Dutch Shell. Globalmente, as fusões e aquisições cresceram 40%, alcançando US$ 2,9 trilhões em 2005, parcialmente refletindo os preços mais altos das ações nos principais mercados financeiros. Nos Estados Unidos , os investimentos estrangeiros diretos chegaram a US$ 106 bilhões. Na Europa, muitas empresas reinvestiram os ganhos. Entre as nações em desenvolvimento, o fluxo para a Ásia continua elevado, com US$ 173 bilhões (+11%). A China continua a ser o emergente que mais atrai investimento estrangeiro direto , com volume de US$ 60 bilhões, igual ao ano anterior. A Unctad constata muitos investimentos na região nos setores de óleo, telecomunicações e imóveis. No manual estatístico divulgado ontem, a Unctad revela também que o comércio entre países em desenvolvimento progrediu duas vezes mais rápido que o comércio internacional nos últimos 25 anos Essa tendência é geral entre os principais emergentes. Em 15 anos, a parte das exportações brasileiras destinadas a outros países em desenvolvimento pulou de 31,4% do total para 42,2% em 2004. Por sua vez, as trocas dentro da América Latina representam 61% das exportações totais dos países da região. A Unctad mostra também que as tarifas nos países em desenvolvimento são três vezes mais altas que as de nações industrializadas, mas que nos últimos 15 anos houve baixa importante, graças a decisões unilaterais de liberalização.