Título: Decisão sobre o mínimo deve sair hoje de encontro entre Lula e sindicalistas
Autor: Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2006, Política, p. A6

O governo federal recebe hoje os dirigentes da centrais sindicais dos trabalhadores, para o que promete ser a última rodada de negociações em torno do novo valor e data de reajuste do salário mínimo. O próprio presidente Lula conduzirá a reunião, num sinal de que não pretende mais postergar a decisão. Dela depende o atendimento de outras demandas com impacto nas despesas da União, como o reajuste da tabela de descontos do Imposto de Renda da Pessoa Física. O relator-geral do projeto de Orçamento Federal para 2006, deputado Carlito Merss (PT-SC), disse ontem que o governo chegou a oferecer às centrais, na reunião da quinta-feira, um aumento de 10% nesses abatimentos. Os líderes sindicais, porém, propuseram um reajuste menor, de 8%, na tabela do IRPF, em troca da antecipação da vigência do novo salário mínimo para 1º de abril. O governo, representado pelo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tinha oferecido um aumento de R$ 50 a partir de 1º de maio, atual data-base do mínimo, cujo valor atual é de R$ 300. Os representantes dos trabalhadores só aceitaram o valor. Ao sair de um encontro com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ontem à noite, Carlito Merss afirmou que até aquele momento ainda não se tinha "batido o martelo" sobre nenhuma das duas questões. Segundo o relator do Orçamento, não estava descartada nem a hipótese de o governo insistir no valor de R$ 350 a partir de maio, combinado com 10% de acréscimos nos abatimentos do Imposto de Renda. Conforme o relator, a dificuldade é que a antecipação do aumento em um mês representa despesa adicional de R$ 1 bilhão para o governo federal em 2006. Por outro lado, a redução de dois pontos percentuais no reajuste da tabela do Imposto de Renda reduz em apenas R$ 300 milhões (R$ 1,3 bilhão para R$ 1 bilhão) a renúncia de receita.