Título: Itamar critica Lula e política econômica
Autor: César Felício, Caio Junqueira e Cristiane Agostine
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2006, Política, p. A7

Mudar os rumos da política econômica e garantir a retomada do crescimento só dependeria da vontade política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que diz o ex-presidente da República, Itamar Franco (PMDB). "Quem decide é o presidente da República, não é o ministro da Fazenda", provocou ontem o mineiro. Numa palestra para a Sociedade Mineira de Engenheiros, ontem, em Belo Horizonte, o ex-presidente fez duras críticas ao governo Lula - do qual fez parte até o ano passado, como embaixador na Itália - e defendeu a candidatura à Presidência do atual vice, José Alencar (PMR). "O Brasil não pode viver com apenas um Estado (São Paulo) dominando política e economicamente o país", afirmou. Convidado a falar para os engenheiros sobre o impacto das eleições de 2006 na economia brasileira, Itamar afirmou que tudo dependerá de que homem será eleito. "Porque é o presidente quem decide". Ele lembrou que, na elaboração do Plano Real, havia uma divisão no governo, um contrário e um a favor das medidas. Coube a ele, então presidente da República, determinar a adoção do plano econômico. Itamar cobrou redução da taxa de juros e desindexação dos reajustes das tarifas públicas. "Dez de juros real, que atividade econômica pode pagar isso?", indagou. "Os bancos estão ganhando muito, mais do que deveriam, e não estão financiando a atividade produtiva." Segundo ele, se o país não fizer mudanças na política econômica perderá a oportunidade de obter um Produto Interno Bruto (PIB) compatível com o mundo. "E não precisa ir longe, é só observar os países da América do Sul". Redução da taxa de juros no país é a principal bandeira do mineiro José Alencar, o nome que agora Itamar defende para a Presidência. Depois de desistir dos planos de ser ele próprio indicado candidato pelo PMDB, Itamar passou a defender a união das lideranças mineiras em torno de um nome do Estado. Sua primeira escolha era o atual governador, Aécio Neves (PSDB). Mas, ontem deu a entender que o projeto presidencial não está mais na "alma" de Aécio para 2006. Os dois devem ter um encontro nesta semana para discutir o cenário político e as alianças estaduais.