Título: Juros elevam dívida em R$ 141 bi
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2006, Finanças, p. C1

Título Público Tesouro não consegue alongar prazo médio, mas coloca mais papéis prefixados

A despesa com juros foi a principal responsável pelo aumento do estoque da dívida pública em 2005, que alcançou R$ 979,66 bilhões. Como em dezembro de 2004 o estoque era de R$ 810,26 bilhões, o aumento foi de 20,9% em um ano. O impacto dos juros na Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) foi de R$ 140,9 bilhões no ano passado e a emissão líquida foi de R$ 28,5 bilhões. Os resultados da DPMFi em 2005 mostraram que quase todas as metas previstas no Plano Anual de Financiamento da dívida (PAF) foram cumpridas. Somente o objetivo projetado para o aumento do prazo médio do estoque - entre 28 e 34 meses - não pôde ser alcançado, ficando em 27,4 meses. Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Paulo Valle, esse ligeiro encurtamento em relação à meta ocorreu pela impossibilidade de emissão de R$ 13 bilhões em títulos CVS, referentes às obrigações do Fundo de Compensação de Variação Salarial (FCVS) com os bancos. A parte prefixada da dívida vem aumentando e ficou em 27,86% (R$ 272,9 bilhões) do total. A parcela vinculada à Selic vem diminuindo e representou 51,77% (R$ 507,16 bilhões). Os títulos remunerados pela variação do índice de preços vêm ocupando espaço cada vez maior, chegando a 15,53% (R$ 152,19 bilhões). A exposição cambial em dezembro ficou restrita a apenas 2,7% dos papéis (R$ 11,4 bilhões). Mas, em janeiro, considerando os leilões de swap reverso, já foi zerado o impacto do câmbio. A diminuição dos títulos vinculados à Selic já rompeu a barreira dos 50%. Em janeiro, foi quebrado o recorde de colocação de NTN-B e prefixados. Dois leilões já colocaram R$ 28 bilhões nesses títulos.