Título: Rural justifica demissões
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 24/01/2006, Finanças, p. C8
O Banco Rural não conseguiu, nos últimos meses de 2005, recuperar mercado como esperava sua direção. O alongamento do prazo dos trabalhos da CPI dos Correios, no Congresso, acabou prejudicando ainda mais a imagem do banco mineiro e foi um dos fatores apontados por executivos do Rural para explicar a novo corte nos custos da instituição, com a demissão de 392 funcionários na sexta-feira. Em setembro, o banco já havia demitido 677 pessoas, dentro de um programa de reestruturação que incluiu também fechamento de agências em várias cidades. Ao todo, o banco já reduziu em quase 60% o tamanho da sua folha. Ontem, executivos do banco reconheceram que o ajuste do ano passado foi desenhado dentro de uma perspectiva de mercado que acabou não se confirmando. O Rural ainda não divulgou o balanço financeiro de 2005. A direção do banco, entretanto, fez questão de ressaltar que houve ainda um segundo fator contribuindo para este novo corte de pessoal. Investimentos na área de tecnologia, com centralização de processos, teriam permitido a eliminação de alguns postos de trabalho. Os investimentos em tecnologia, informou ontem o banco, começaram antes do início da crise política e tiveram continuidade ao longo do semestre passado. O último balanço publicado pelo Rural, relativo ao primeiro semestre de 2005, registrou um prejuízo de R$ 129,7 milhões e a redução do patrimônio líquido de R$ 636,13 milhões para R$ 525 milhões na comparação entre junho de 2004 e junho de 2005. No balanço, o banco fez um provisionamento de R$ 156 milhões, a título de recebimentos duvidosos. Os empréstimos do Rural para o empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser operador do mensalão no Congresso, somaram R$ 56 milhões. O programa de reestruturação do Banco Rural conta com consultores externos, todos ex-executivos do Banco Central. Foram contratados para fazer um novo projeto estratégico e recolocar o banco no mercado o ex-presidente do BC, Gustavo Loyola, e os ex-diretores, Paolo Zaghen e Nelson Carvalho.