Título: Rondeau negocia com CMN crédito para Eletrobrás
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2005, Empresas &, p. B7

Energia

O financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as estatais que ganharam licenças para construir hidrelétricas no leilão de energia nova ainda não está garantido. Ontem, o presidente da Eletrobrás, Aloisio Vasconcelos, disse que o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, ainda está negociando com o Conselho Monetário Nacional (CMN) uma forma de permitir que as controladas possam investir nesses projetos. O CMN é constituído pelo ministro da Fazenda, que preside o órgão, e ainda pelo ministro do Planejamento e Orçamento e pelo presidente do Banco Central (BC). "O ministro está conversando com o CMN uma mudança de regras para financiar as estatais. Eu conto com isso e até guardei uma entrevista do vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, onde ele garantia financiamento para todas as empresas que participassem do leilão", disse Vasconcelos. As estatais que compraram licenças são a Eletrosul (usina Passo São João), CGTEE (Candiota III) e Furnas. Essa última ganhou sozinha as licenças para construção das hidrelétricas Paulistas e Simplício, a maior usina oferecida no leilão. Furnas também é sócia da Cemig e da Neoenergia na hidrelétrica Baguari. Em recente entrevista ao Valor o presidente da estatal, José Pedro Rodrigues, informou que precisa do financiamento do BNDES para tocar esses investimentos, orçados por ele em R$ 1,582 bilhão e que estão fora do orçamento de Furnas. O problema que Rondeau precisa contornar é uma resolução do CMN que estabelece contingenciamento para empréstimos ao conjunto de empresas do setor público, à exceção da Petrobras. A restrição é dirigida a todo o sistema financeiro nacional e não apenas ao BNDES. O contingenciamento trava novos financiamentos quando o valor total atinge o teto de R$ 1 bilhão, limite que já foi alcançado. Para o BNDES ou qualquer outra instituição financeira possa financiar estatais nesse caso é necessário que o CMN autorize uma excepcionalidade. Vasconcelos informou ontem que a Eletrobrás pretende investir R$ 5 bilhões em 2006, o que inclui a construção de novas usinas adquiridas no leilão de energia nova, a manutenção do atual parque gerador, e em linhas de transmissão e modernização tecnológica. Os números poderão crescer se o governo aprovar a construção de Angra 3 - investimento de US$ 1,6 bilhão - que teria forte participação da Eletrobrás, segundo Vasconcelos. Além disso, a estatal quer participar dos projetos das hidrelétricas de Belo Monte e Rio Madeira. A Eletrobrás aguarda para 2006 que o Congresso Nacional aprove sua atuação fora do Brasil, assim como a listagem das ações da empresa no nível 2 da Bolsa de Valores de Nova York.