Título: Preços do suíno caem em Santa Catarina
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2005, Agronegócios, p. B10

O preço do suíno vivo produzido em Santa Catarina fecha o ano no pior patamar desde fevereiro de 2004. Segundo a Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), os produtores passaram a receber R$ 1,70 pelo quilo do animal vivo nesta semana, 32% menos que no mesmo período de 2004, quando o quilo estava em R$ 2,50. As agroindústrias, que já indicam que um novo corte de preços ocorrerá nos próximos dias, começaram a acelerar a redução dos valores pagos em novembro, em razão da greve dos fiscais agropecuários, que fez com que muitas tivessem problemas de armazenagem e reduzissem as compras. Mas o último corte tem relação com o temor de que sobrará carne com o recente embargo russo por conta da aftosa. "Só depois que os russos liberarem os embarques é que vamos começar a produzir novamente para a Rússia. E isso pode levar muitos dias", explica Mário Lanznaster, vice-presidente da Coopercentral Aurora, maior abatedouro de suínos de Santa Catarina. Segundo ele, a Aurora tem capacidade limitada de armazenamento e como não há sinal claro de fim do embargo, não é possível manter as compras de suínos no mesmo nível. As maiores indústrias do setor estão restringindo as compras apenas a seus produtores integrados. A Aurora mantém os abates no mesmo patamar, mas, segundo Lanznaster, já negociou o aluguel de armazéns de terceiros para os primeiros meses do ano, por conta da preocupação com o embargo. Produtores independentes como Rubens Grasel, de São João do Oeste (SC) destacam que o valor oferecido hoje não paga os custos de produção de um suíno, estimado em R$ 1,90 por quilo. Nesta semana, ele e muitos seguraram as vendas à espera de melhora, mas na semana que vem Grasel terá que colocar alguns animais no mercado, uma vez que não há espaço no seu plantel. "Como o preço cai por causa do embargo russo, se no mês de dezembro, de fato, a Rússia nem compraria já que o inverno rigoroso restringe as entregas?", pergunta Wolmir de Souza, presidente da ACCS. "As agroindústrias estão se aproveitando da situação", diz.