Título: BNDES renova linha de capital de giro para as micro e pequenas empresas
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 29/12/2005, Finanças, p. C2

A diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a renovação, por um ano, da linha de capital de giro para micro, pequenas e médias empresas localizadas nos chamados arranjos produtivos locais (APLs). A iniciativa, batizada de Programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), seria extinta em 31 de dezembro e agora irá valer até o fim de 2006. O estoque de empréstimos do Progeren, desde o seu lançamento em setembro de 2004, alcança R$ 400 milhões, diz o diretor de operações indiretas do BNDES, Maurício Borges Lemos. Só em 2005 o programa desembolsou R$ 360 milhões e aprovou 1,4 mil operações. Em um primeiro momento, o Progeren financiou grandes companhias, mas, a partir do meio do ano, ficou restrito às micro, pequenas e médias empresas. Esta é a terceira renovação do Progeren. A primeira, válida por seis meses, ocorreu em dezembro de 2004. A segunda, em julho de 2005, estendeu o programa por mais seis meses e elevou o spread do BNDES nas operações indiretas (com participação de agentes financeiros do banco) de 1% para 3%. Agora a renovação é por 12 meses. O custo continua a ser de TJLP (9% ao ano) mais os spread do BNDES (3%) e do agente (entre 3% e 4%). O custo total fica em cerca de 16% ao ano. "Significa um custo mensal de cerca de 1,3%, o que representa a melhor taxa do mercado para capital de giro", diz Lemos. Ele afirma que o programa selecionou aglomerações industriais geradoras de emprego como confecções, tecelagens e de bens e equipamentos, com predominância de pequenas empresas. O APLs são constituídos de firmas que integram uma mesma cadeia produtiva em uma determinada localidade. As empresas financiadas pelo Progeren estão situadas de forma predominante na Região Sudeste. No Progeren existe um limite de crédito por empresa, de acordo com o seu perfil. As microempresas podem obter financiamentos do programa de até R$ 100 mil. As pequenas até R$ 500 mil e as médias, de até R$ 4 milhões. Lemos disse que os recursos do programa podem ser usados pelas empresas com diferentes finalidades, como investimentos, compra de matérias-primas e até aquisição de máquinas importadas. "É um programa importante para oxigenar as empresas", afirma Lemos. Ele disse que as críticas feitas ao BNDES no lançamento do programa não se confirmaram. Como o banco não tinha tradição em linhas de capital de giro, havia receio de que os recursos captados a custos menores no Progeren fossem reaplicados no mercado financeiro, buscando retornos maiores. "Reduzimos os espaços para operações indevidas", garante Lemos. Na visão dele, o programa é mais uma iniciativa do banco para aumentar os investimentos pelas micro, pequenas e médias empresas. Lemos prevê que, no total, o desembolso do BNDES para firmas desse porte alcance R$ 10 bilhões em 2005 e cerca de R$ 12 bilhões em 2006 - um crescimento de 20%. Vão contribuir para o resultado as renovações do Progeren e do Modermaq e as operações do cartão BNDES. Em 2005, os desembolsos do banco para as micro e pequenas empresas totalizaram R$ 3,9 bilhões, com crescimento de 24,2% sobre 2004. No caso das médias empresas os desembolsos atingiram R$ 3,2 bilhões, com alta de 39%. As liberações para pessoas físicas somaram R$ 3,9 bilhões, com queda de 37,4%, por força da crise na agropecuária que atingiu programas como o Moderfrota. No Modermaq, que financia a compra de máquinas e equipamentos nacionais, os desembolsos atingiram R$ 1,7 bilhão em 2005, volume que representa 41,4% das liberações do banco para os chamados bens de capital sem rodas (usados na indústria de transformação), que totalizaram R$ 4,1 bilhões neste ano.