Título: Companhias globais querem ampliar presença no mercado interno dos BRICs
Autor: Assis Moreira De Davos (Suíça)
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2006, Brasil, p. A4
Presidentes de grandes empresas internacionais revelam otimismo sobre as perspectivas da globalização, particularmente no Brasil, Rússia, Índia e China, as chamadas economias BRICs, na busca de novos clientes, segundo pesquisa divulgada pela PriceWaterhouseCoopers, uma das maiores empresas de consultoria do planeta. Dos mais de 1.400 CEOs de 45 países entrevistados, 71% deles disseram que suas companhias têm planos de abrir negócios em pelo menos um dos quatro países nos próximos três anos. Mas nem todos os BRICs são iguais. O Brasil fica em terceiro lugar na preferência, com 33%. O interesse maior é pela China (55%) e Índia (36%). Também sem surpresa, 78% dos executivos vêem a China com as maiores oportunidades de mercado, seguido da Índia (64%) e Rússia (48%). O Brasil vem em quarto lugar (46%). A pergunta limitou-se à avaliação desses quatro países. Ao apresentar os resultados ontem à noite, o CEO da PriceWaterhouseCoopers, Samuel A. Piazza Jr destacou que as companhias estão procurando se expandir globalmente, especialmente nos BRICs, na busca de novos clientes e mercados, e que o principal motivador da globalização não é o corte de custos. Os empresários vêem vantagens competitivas na qualidade e produtividade da mão-de-obra dos quatro países, mas também estabilidade política e institucional, além de acesso a enormes mercados internos. Ou seja, a expansão nesses países visa prioritariamente os clientes existentes. É nesse cenário que a maioria das companhias de países industrializados quer ampliar negócios com os BRICs. Na Asia, o interesse é evidentemente pela China, como na América do Sul, a atração é o Brasil. A maior concorrência também se revela dessa maneira. Metade dos empresários argentinos ouvidos pela pesquisa diz que o principal concorrente é o Brasil, seguido da China (42%). Nas grandes economias, a visão é outra. A China é vista como o principal concorrente (52%) por executivos de grandes empresas do mundo industrializado, seguido da Índia (28%). O Brasil só representa perigo para 7% entre os industrializados, e 38% entre empresários da America Latina. O Valor teve acesso ao que pensam também os 79 presidentes de companhias brasileiras entrevistados para a pesquisa. Para eles, o maior problema é a corrupção e a instabilidade política (47%), em clara alusão aos escândalos do mensalão e outros que têm afetado o governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas o protecionismo enfrentado para vender seus produtos no exterior recebeu idêntico percentual nas respostas. "No Brasil e Rússia, existe clara preocupação entre executivos com corrupção e instabilidade política", afirmou o presidente da Price. O entusiasmo pela globalização também é diferenciado. No Brasil, apenas 32% prevêem grandes oportunidades com o movimento nos próximos três anos, bem abaixo da média mundial. (AM)