Título: Serra faz ofensiva pelo apoio de Aécio
Autor: Thiago Vitale Jayme
Fonte: Valor Econômico, 25/01/2006, Política, p. A6

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), contestou ontem as análises de que já teria atingido seu limite nas pesquisas de intenção de voto na corrida presidencial. "Em pesquisa, a gente nunca pode dizer que chegou no limite de nada", declarou ontem, em Belo Horizonte, onde esteve reunido com o governador tucano Aécio Neves. No encontro, Serra deixou clara a possibilidade de afastar-se da prefeitura paulistana para se candidatar. "Em março, a gente vai lá olhar para ver o que faz", respondeu, citando o prazo final de desincompatibilização ao ser perguntado se iria se afastar para fazer campanha. Serra esteve na capital mineira apenas uma semana depois do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ambos disputam o apoio de Aécio na escolha do nome que será o candidato do partido ao Palácio do Planalto. O prefeito não poupou elogios ao colega mineiro. "Uma pesquisa mostra que o governador Aécio tem o índice de rejeição de apenas 2%, eu nunca tinha visto isso em nenhuma pesquisa, em nenhum lugar", disse, lembrando que Alckmin teve 7% de rejeição, mesmo índice obtido pelo próprio prefeito. O prefeito deixou claro que é contra a reeleição, ponto importante para conquistar o apoio de Aécio, que tem pretensões para 2010. Ao citar pontos positivos da administração do governador mineiro, mandou uma sutil mensagem de desagrado ao paulista. Serra citou a sociedade da empresa de saneamento Copasa com a Prefeitura de Belo Horizonte - controlada pelo PT - como exemplo a ser seguido. "Isso melhorou as condições institucionais da empresa e a facilidade para obras em Belo Horizonte. Foi um gesto de grande alcance do governador, até porque Estado e prefeitura não são comandados por chefes do Executivo do mesmo partido", afirmou. Em São Paulo, tal parceria não existe. Disputado pelos dois paulistas, Aécio Neves preferiu o discurso da unidade do partido. Disse que, depois do encontro com Serra, ficou ainda mais seguro de que o PSDB tem a consciência de que a unidade é a pré-condição para que o partido possa disputar as eleições com grande chance de vitória. Aécio Neves chamou de "doce drama" a atual cenário para o PSDB, com dois nomes qualificados, dispostos a enfrentar as eleições. "É um doce dilema, que vai ser resolvido a seu tempo", declarou Aécio, referindo-se à escolha entre Alckmin e Serra. O prefeito de São Paulo esteve também, ontem, com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT). De acordo com ele, embora de partidos diferentes, os dois tem muitos assuntos em comum, principalmente questões administrativas. Pré-candidato em campanha, o governador paulista Geraldo Alckmin disse que não se sente intimidado com o resultado das pesquisas de opinião, onde aparece com resultados menos favoráveis do que os de José Serra. Mantendo o discurso de que as pesquisas são "o retrato do passado" e de que a campanha só começa com o horário eleitoral, Alckmin disse que está na verdade surpreso com a performance que conseguiu obter até agora e reiterou que "em pesquisa, você só muda de patamar na época da campanha", afirmou, durante vistorias a obras do metrô. Em busca de consolidar-se como o nome do partido para a disputa, Alckmin classificou-se como o "candidato do entendimento" e apesar de dizer que não vê necessidade de o PSDB decidir agora, demonstrou que quer o contrário. Esta semana, o governador retoma suas viagens, indo ao Rio de Janeiro amanhã. Na próxima semana, será a vez do Mato Grosso do Sul ser visitado pelo pré-candidato, que está se licencia por um dia quando viaja em campanha.