Título: Férias para tentar esfriar a crise interna
Autor: Edson Luiz
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2010, Política, p. 6

Acusado de envolvimento com suposto chefe da máfia chinesa de São Paulo, secretário nacional de Justiça anuncia licença de 30 dias O secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, pediu afastamento do cargo por 30 dias a partir de amanhã , enquanto durarem as investigações sobre seu envolvimento com o empresário chinês Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, que é acusado de chefiar a máfia chinesa em São Paulo. O comunicado foi feito ontem, depois de uma série de reuniões entre Tuma Júnior e o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. Além do secretário, foi afastado o diretor do Departamento de Estrangeiros da secretaria, Luciano Pestana, e o agente federal Paulo Guilherme, citados em gravações interceptadas pela Polícia Federal (PF). O afastamento de Tuma Júnior já havia sido definido no início da tarde, mas o anúncio só foi confirmado horas depois, quando o secretário decidiu conversar com jornalistas. Antes, ele afirmou, em um programa de televisão, ao vivo, que tiraria férias. O mesmo discurso adotou à noite, quando concedeu sua primeira entrevista coletiva. Pretendo tirar alguns dias de férias sim. Mas você pode ter certeza de que vou voltar com a alma lavada e com a honra restabelecida, afirmou. Não estou acima da lei, mas já fui investigado, acrescentou o secretário. Segundo ele, nas conversas com Barreto, pediu que o ministério abrisse uma sindicância para apurar seu envolvimento nas investigações. Segundo fontes do governo, o afastamento de Tuma Júnior pode ser definitivo, já que a Polícia Federal apresentou indícios de que ele teria usado o cargo para facilitar interesses de terceiros. Na entrevista que concedeu na noite de ontem, no entanto, ele negou que tenha cometido qualquer delito, embora tenha defendido Paulo Li, afirmando que ele não seria um grande criminoso, como vem sendo alardeado. Como delegado, eu teria sabido (que ele era criminoso), afirmou Tuma Júnior, que estava com uma aparência abatida e nervoso.

Tensão Os últimos dias, aliás, têm sido tensos para o secretário. Desde a manhã de segunda-feira o destino de Tuma Júnior estava sendo analisado dentro do governo. Depois de conhecer os documentos encaminhados pela PF sobre a investigação a Paulo Li, o Palácio do Planalto decidiu não mais defendê-lo, deixando a decisão por conta do Ministério da Justiça. Na tarde do mesmo dia, o secretário se reuniu com Luiz Paulo Barreto para apresentar sua defesa. O encontro foi interrompido por volta das 19h, mas foi retomado às 21h, depois que o ministro retornou do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A última reunião acabou por voltas da 0h30 de ontem. Ainda na segunda-feira, a Comissão de Ética do governo abriu investigação contra o secretário.