Título: Brasil quer aumentar vendas para a Nigéria
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2006, Brasil, p. A2

Um contrato de venda direta de petróleo da estatal nigeriana NNPC , de 50 mil barris diários para a Petrobras, e o oferecimento de linhas de financiamento do Proex-exportação deverão garantir, a partir do início deste ano, o aumento das exportações brasileiras à Nigéria, informou ao Valor o assessor especial do Ministério do Desenvolvimento, José Mauro Couto. "A linha do Proex é fundamental", enfatizou Couto. O ministério prevê um aumento de cerca de US$ 200 milhões no ano em vendas brasileiras para a Nigéria, cerca de metade disso financiada pelo Proex. Para contornar a dificuldade em obtenção de garantias para comércio exterior com a Nigéria, parte do dinheiro devido pela Petrobras pelas compras à NNPC será destacada para um fundo, a ser usado em caso de inadimplência dos importadores nigerianos. Os últimos detalhes do negócio foram discutidos pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, com autoridades nigerianas, em dezembro, na reunião da Organização Mundial do Comércio, em Hong Kong. A operação será baseada no acordo firmado pelos presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva e Olusegun Obasanjo, em Brasília, nas comemorações do 7 de setembro. Em fevereiro, representantes dos dois países deverão reunir-se para discutir investimentos em logística para importações da Nigéria. Segundo Mauro Couto, a Petrobras, que hoje compra petróleo nigeriano por intermédio de companhias comerciais (tradings) passará a adquirir o produto diretamente da estatal nigeriana, de quem é sócia na exploração de campos de petróleo no país. Em troca, a empresa vai vender gasolina e álcool etanol para a Nigéria. O contrato entre as duas empresas pode chegar a US$ 1,5 bilhão. Entre as mercadorias que o Brasil acredita poder exportar para a Nigéria estão aviões da Embraer, ônibus, material de construção, produtos agrícolas e frutas tropicais, além da gasolina e do etanol do contrato da Petrobras. O governo vê grande mercado também para os serviços de empresas brasileiras, que já têm experiência no mercado local em atividades como a construção de estradas. O Brasil deve chegar ao fim do ano com um déficit comercial em torno de US$ 4 bilhões com a Nigéria.