Título: Lula diz que petistas foram punidos por erros
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2006, Política, p. A4

Em entrevista levada ao ar ontem pelo "Fantástico", da TV Globo, marcada pela esquiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pintou um cenário positivo da economia em 2005, embora o Produto Interno Bruto (PIB) do país, segundo as previsões dos especialistas, não tenha crescido mais de 2,5%, reeditando a rotina de gangorra, após ter crescido 4,9% no ano anterior. A respeito do escândalo do "mensalão", Lula admite que "o PT cometeu um erro que é de uma gravidade incomensurável", mas diz que a sigla tem salvação porque "você não pune a família inteira" pelos erros de uma parte dela. Em uma das respostas, logo no começo da entrevista de 37 minutos concedida quinta-feira ao jornalista Pedro Bial, Lula justifica a cassação do ex-deputado federal José Dirceu (PT-SP) como conseqüência dos erros do deputado. Após o jornalista enumerar uma série de temas ligados ao caso do "mensalão" e perguntar se não foram erros, o presidente respondeu: "São erros. E tanto é que foram punidos. O (José) Genoino saiu da presidência do PT. O Silvinho (Sílvio Pereira, ex-secretário-geral do PT) não está mais no PT. E o Zé Dirceu perdeu o mandato." Mas, na seqüência, reafirmou sua declaração anterior de que Dirceu foi cassado sem provas e se recusou a admitir que o ex-deputado o tenha traído nos episódios das relações do PT com o publicitário Marcos Valério, além das suspeitas de pagamento de mesadas a políticos. Lula também reafirmou que não sabia dos acontecimentos antes que eles viessem à tona. Disse ainda que "o conjunto dos acontecimentos", para ele, "soou como se fosse uma facada nas costas". O presidente justificou o mau desempenho do PIB brasileiro no ano passado (referindo-se implicitamente à queda de 1,2% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior) como "um problema porque a inflação voltou". Mas afirmou que o quarto trimestre já foi de crescimento e que em 2006 o PIB vai crescer "acima da média nacional". Os analistas prevêem para este ano um crescimento em torno de 3,5%, mais uma vez inferior ao de 2004. Mesmo admitindo o problema com o PIB, retratou 2005 como um ano bom para a economia. Disse que houve progresso na geração de empregos, no aumento da renda e nos investimentos em políticas sociais. Não admitiu explicitamente que é candidato, mas falou com postura de candidato. Disse ter "muita coisa para colher" em 2006. "Por que eu não vou colher as coisas que nós plantamos? Nós vamos colher e eu quero, como presidente da República, ir aos locais em que eu fui anunciar que ia fazer... eu quero ir lá colher agora o que plantei."