Título: Ações de consumo e bancos estão entre as mais indicadas
Autor: Luciana Monteiro e Daniele Camba
Fonte: Valor Econômico, 02/01/2006, EU &, p. D1

Taxa de juros em queda e crescimento da economia em alta, os setores que deverão ser beneficiados são o de consumo, bancos e mineração, dizem os analistas. Ricardo Kobayashi, do Pactual, vê potencial de ganhos no setor consumo, com um crescimento de lucros projetado de 28%. Ele cita a fabricante de de bebidas AmBev e fabricantes de artigos de consumo não duráveis, como a Grendene, que deve se recuperar de um 2005 ruim. Alimentos também devem ter bom desempenho, com destaque para Perdigão e Sadia, que podem ganhar menos na exportação por conta do dólar, mas recuperar as possíveis perdas no mercado local. No varejo, Kobayashi prefere Lojas Americanas e Submarino, que estão crescendo mais com o comércio via internet e estão mais baratas que a ação do Pão de Açúcar, avalia. "Além disso, o Pão de Açúcar vai enfrentar a concorrência maior do Wall Mart, e tende a mostrar resultados abaixo da evolução da demanda doméstica." Outra indicação de Kobayashi é a locadora de carros Localiza que, segundo ele, tem um perfil parecido com as empresas aéreas. Este ano, o volume de viagens cresceu 19% a 20%, segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC). E a economia aquecida aumenta a demanda de aluguel de carros por parte de empresas. "Tanto aluguel quanto aviação tendem a continuar bem", diz Kobayashi, acrescentando que a solução para o caso Varig terá impacto sobre o setor de aviação. Para ele, o melhor cenário para as concorrentes TAM e Gol é a indefinição, pois elas podem ir ganhando mercado gradualmente. Caso a empresa quebre, seria negativo para ambas pois elas teriam de absorver um volume grande de clientes e poderiam perder parte deles para concorrentes externas. A continuidade da Varig seria positiva porque a empresa teria um longo caminho de reestruturação pela frente e não representaria ameaça para as demais. Nos bancos, apesar do crescimento do lucro de 50% este ano sobre 2004, as ações subiram bastante, o que reduz o espaço para ganhos. Mesmo assim Kobayashi trabalha com um retorno do setor na casa dos 15% a 20% em 2006. "É um setor interessante, mas a seletividade tem de ser maior", afirma ele, citando como melhores Bradesco, Itaúsa, Banco do Brasil e Porto Seguro. Bradesco e BB pela oportunidade de ampliar empréstimos com retorno mais elevado, uma vez que os "spreads" não caíram no mesmo ritmo dos juros. Itaúsa, holding do grupo, é uma forma mais barata de comprar as ações do Banco Itaú. E Porto Seguro, que deve se beneficiar do aumento de atividade, com demanda maior por carros e, assim, seguros. Para o setor elétrico, ele vê oportunidades pois o racionamento de 2002 e as mudanças de regras afastaram os investidores e hoje o baixo nível de conhecimento afasta os investidores e mantém os preços baixos em relação a outros setores, criando oportunidades. Kobayashi acredita que o último leilão de energia reduziu o risco do setor, especialmente de Eletrobrás, e a chance de o regulador intervir e mudar dramaticamente o lucro das empresas vai ser menor.