Título: Fischer defende aliança UE-Mercosul
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Brasil, p. A-5
Os governos do Mercosul e da União Européia devem retomar as negociações para um acordo de livre comércio, como uma de suas prioridades estratégicas, defendeu o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Joscka Fischer, que também é o vice-primeiro ministro do país. Fischer lembrou as negociações em um encontro técnico, quando o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, lhe falava da importância "estratégica", para o Brasil e a Alemanha, das negociações de liberalização comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC). A Alemanha concorda com a necessidade de abrir o mercado agrícola, mas pede avanços em outras áreas. "Claro que para nós as negociações com a União Européia também são estratégicas", comentou Amorim. "Ver o país mais importante da Europa engajado nessa linha é importante." Amorim e Fischer não chegaram a discutir detalhes da futura negociação, porém. Classificada de "eminentemente política", a visita do ministro alemão, deputado pelo partido Verde, permitiu às autoridades dos dois países discutirem impressões sobre a situação no Oriente Médio e a reforma do Conselho de Segurança da ONU; mas também trataram de temas econômicos, como a decisão alemã de reformular o acordo de cooperação em energia nuclear entre os dois países, para dirigir a colaboração binacional a formas alternativas de energia. No começo do mês, a Alemanha comunicou ao governo brasileiro a decisão de reformular o antigo acordo de uso pacífico da energia nuclear, assinado em 1975 e considerado "há muito superado", por um acordo de cooperação no setor energético. O acordo nuclear permitiu a construção das usinas Angra I e II e a compra de equipamentos da empresa alemã Siemens, para construção de Angra III. A Siemens vendeu suas atividades na área nuclear a uma empresa francesa, e a Alemanha, por pressão dos verdes liderados por Joschka Fischer, aprovou uma lei que prevê a eliminação de atividades nucleares para fins pacíficos no país. O governo brasileiro, na semana passada, enviou nota às autoridades alemãs considerando "oportuna" a proposta de negociar acordos de transferência de tecnologia para geração de energia com fontes renováveis.