Título: Gastos em consumo crescem 0,9%
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Fonte: Valor Econômico, 31/01/2006, Internacional, p. A9
Os gastos do consumidor, o maior motor da economia dos EUA, registraram alta de 0,9% em dezembro, com os americanos lançando mão de suas poupanças para aproveitar a estabilidade da inflação, informou o Departamento do Comércio. Foi a maior alta em cinco meses. O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) - que exclui preços de alimentos e energia - teve alta de 0,1%. O resultado também foi propiciado pela melhora na renda da população americana. A renda dos consumidores teve alta de 0,4%, segundo mês seguido em que os ganhos dos americanos registram aumento. O aumento dos ganhos ficou em linha com o esperado pelos analistas e economistas, mas os gastos do consumidor superaram as previsões, de 0,7%. "Com esse ritmo de alta na renda, os consumidores têm espaço para gastar", disse Drew Matus, economista-sênior do Lehman Brothers. "Isso nos sinaliza que não precisamos nos preocupar com o primeiro trimestre." Os economistas do Morgan Stanley elevaram sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto dos EUA nos primeiros três meses do ano para 5,5%, cinco vezes mais o resultado do quarto trimestre de 2005 - 1,1%, o pior desempenho em três anos. Com os gastos subindo mais rápido que os ganhos, a taxa de poupança recuou para 0,7%. Isso significa que os americanos gastaram sete centavos a mais para cada US$ 100 que receberam. Foi a mais baixa taxa de poupança registrada no país desde agosto do ano passado e marcou o sétimo mês seguido em que os consumidores dos EUA recorrem a suas economias para financiar seus gastos em consumo. Mas economistas como Scott Hoyt, da consultoria Economy.com, acreditam em uma recuperação dos níveis de poupança. "A queda nos preços de energia irá diminuir a pressão, permitindo que se poupe mais." Na sexta, o governo americano informou que o núcleo anualizado da inflação ficou em 2,2% no quarto trimestre, acima da banda entre 1% e 2%, vista como confortável pelo Fed (o BC americano), para evitar altas mais agressivas de juros. Na reunião desta semana, a expectativa é de que o Fed eleve sua taxa de juros - atualmente em 4,25% - em mais 0,25 ponto percentual, como tem feito desde junho de 1004. A reunião deverá ser a última sob o comando do presidente do Fed, Alan Greenspan: ele irá se aposentar depois de 18 anos e meio no cargo. A expectativa é de que esse aumento seja o último do ciclo de altas adotado pelo banco.