Título: Em baixa, Bush discursa no Congresso
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Fonte: Valor Econômico, 31/01/2006, Internacional, p. A9

Estado da União Presidente faz pronunciamento preocupado em reparar popularidade dos republicanos

Com a missão de tentar reverter o momento de baixo prestígio pessoal e também de seu partido, o presidente dos EUA, George W. Bush, faz na noite de hoje o discurso anual sobre o Estado da União, no Congresso. Abalados pela impopular intervenção militar no Iraque e por um escândalo envolvendo lobistas, os republicanos temem perder a maioria nas duas Casas do Parlamento nas eleições de novembro. Bush entra em seu sexto ano na Casa Branca politicamente mais fraco do que os dois últimos presidentes que se reelegeram. A taxa de aprovação de Bush, de acordo com uma pesquisa "Bloomberg"/"Los Angeles Times", é de apenas 43%, contra um índice de 68% de Bill Clinton em 1998 e 65% de Ronald Reagan em 1986. Em novembro, os eleitores americanos irão escolher representantes para as 435 cadeiras da Câmara dos Deputados e para um terço (33 vagas) do Senado. Para tirar a maioria dos republicanos, os democratas precisam tirar 15 assentos dos republicanos na Câmara e seis no Senado. "O que irá unir e incentivar os republicanos? E o que irá torná-los atraentes para os eleitores? Este discurso sobre o Estado da União é particularmente importante para Bush porque revelará quais serão as bases da campanha republicana no segundo semestre, além do tema segurança", afirma Stuart Rothenberg, editor do "Rothenberg Political Report", uma publicação não-partidária sediada em Washington. O analista acredita que os democratas irão aumentar suas fileiras nas próximas eleições. "Um ano atrás, a idéia dos democratas dominando a Câmara não era para ser levada a sério. Neste momento, as chances vão de improvável para difícil, mas não impossível. E estamos caminhando na direção de um potencial democrata crescente", diz Rothenberg. Já a marqueteira democrata Gina Glantz, que trabalhou na campanha de Howard Dean em 2004, é um pouco mais cautelosa em decretar uma derrota dos republicanos tão cedo. Ela acredita que muitas das críticas feitas ao presidente não encontram eco junto à maioria dos americanos. "Bush sempre me surpreende com sua capacidade de falar ao público de uma maneira que conquista toda sua atenção. Ele passou o último mês viajando pelo país preparando o cenário para o discurso", diz Glantz. Segundo assessores do presidente, na fala desta noite, Bush irá enfatizar a necessidade de diminuir a dependência externa americana de petróleo, buscando fontes alternativas de energia como hidrogênio e etanol. Bush também deve mencionar o sistema de saúde, cujos custos estão se elevando. Espera-se que o presidente anuncie medidas como a concessão de deduções fiscais para permitir que cidadãos que não têm seguro de saúde fornecido pelo empregador possam contratar planos privados. Bush também irá abordar o Irã. "Queremos que o povo do Irã possa viver em uma sociedade livre. Por isso, amanhã [hoje] vou falar sobre essa questão e deixar clara a política dos Estados Unidos", disse ontem, durante reunião de gabinete. Em entrevista à TV CBS, Bush detalhou mais o que pretende dizer aos iranianos: "Nós não vamos dizer como vocês devem viver suas vidas, mas gostaríamos que vocês fossem livres. (...) Queremos que vocês possam votar e eleger".