Título: Planalto perde apoio de governador de SC
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 19/11/2004, Política, p. A-8

Uma crise local dificultou a tática do Palácio do Planalto de romper a frente dos governadores pemedebistas que contestam os governistas da sigla e querem que o partido entregue os cargos que possui na Esplanada dos Ministérios. A decisão da bancada do PT catarinense na Assembléia Legislativa de romper com o governador Luiz Henrique (PMDB) fez com que o pemedebista avisasse ontem ao coordenador político do governo, ministro Aldo Rebelo, ao presidente do PT, José Genoino Neto, e ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, que irá trabalhar para a derrota governista na convenção do partido marcada para o dia 12 de dezembro. De positivo para o Planalto, só a garantia de Luiz Henrique que irá trabalhar contra uma aliança do PMDB com a oposição em 2006. Henrique quer o partido "independente". Fortalecidos pela eleição municipal, o PFL e o PSDB são os maiores adversários regionais de Luiz Henrique no Estado. A possível aliança com o PT seria um trunfo para Henrique tentar a reeleição, que se torna distante com a decisão de anteontem. Santa Catarina é um dos raros Estados onde a ala radical do PT predomina sobre os moderados. Dos seis governadores pemedebistas, o catarinense era a maior aposta do Planalto para uma aproximação, já que não tem o PT como seu principal adversário local , como os governadores do Distrito Federal, Joaquim Roriz, Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, não pertence a um grupo que quer disputar a eleição presidencial em 2006, como a governadora do Rio, Rosinha Garotinho, e nem faz críticas contundentes ao modelo econômico, como é o caso do paranaense Roberto Requião. Durante as audiências com Aldo e Dirceu, numa das quais o presidente do PT participou, o governador queixou-se ainda da falta de liberação de recursos para o Estado e da atuação política do presidente da Eletrosul, Milton Mendes, petista e detentor do cargo federal de maior importância no Estado, segundo relato de assessores que assistiram aos encontros. Genoino prometeu empenho para tentar reverter a decisão do PT local, submetendo-a ao diretório regional. Mas a líder petista no Senado, Ideli Salvatti , que é de Santa Catarina, admitiu que a reversão é complicada. "A bancada na Assembléia não tem a incumbência de deliberar sobre estratégia política. Mas o fez e agora isto acirra os ânimos", disse. O governo também enfrenta problemas para reunir Lula com os deputados da sigla. O almoço na casa do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, previsto para amanhã, foi adiado quando se constatou que menos da metade da bancada compareceria. Há uma irritação dos parlamentares do partido tanto com Eunício quanto com o líder da bancada, José Borba (PR). O tema foi discutido ontem em um almoço de Eunício com o presidente do PMDB, Michel Temer. O encontro foi transferido para quarta-feira, em lugar ainda a ser definido. Já o jantar do presidente com os senadores no mesmo dia está confirmado, na casa do ministro da Previdência Social, Amir Lando.